quarta-feira, 27 de julho de 2011

Calorias no cardápio: isso funciona?

Está em tramitação no Legislativo Federal uma proposta de lei que visa obrigar todos os estabelecimentos alimentícios a colocar no cardápio o valor calórico de suas preparações. O autor do projeto, deputado Mendes Thame, alegou à Folha de São Paulo (caderno Cotidiano, 26/07/2011) que os consumidores muitas vezes ingerem comidas calóricas por falta de informação. Entretanto, já sabemos hoje graças a vários estudos que o conhecimento nutricional não é um dos fatores mais importantes que influencia a escolha alimentar de um indivíduo. Ou seja, saber que o alimento é calórico provavelmente não vai fazer a pessoa desistir de comê-lo. E pode, por meio do sentimento de culpa, reduzir o prazer da alimentação e instigar pensamentos do tipo “tudo ou nada”, ou seja, “já que vou comer isso vou aproveitar e enfiar o pé na jaca de vez!”. E tem mais: estudos recentes também indicam que muitas vezes os consumidores nem sequer prestam atenção à informação calórica divulgada.
Alguns estudos interessantes no Pubmed (www.pubmed.com) para quem quiser saber mais:

1. The effects of calorie information on food selection and intake
2. Consumer estimation of recommended and actual calories at fast food restaurants

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Hipnose no tratamento de transtornos alimentares

Segundo a Sociedade Brasileira de Hipnose e Hipniatria, "a hipnose é um estado alterado de consciência, ou é um estado de consciência no qual o conhecimento que você adquiriu durante toda sua vida e que você usa automaticamente torna-se, de repente, disponível." Durante um estado hipnótico, há um estreitamento de consciência e um aumento de sugestionabilidade. Entretanto, ao contrário do que muitos pensam, nem todos são capazes de serem hipnotizados, e quando a hipnose de fato ocorre, o paciente detém o controle durante todo o tempo. Não se pode obrigar o hipnotizado a fazer o que não quer ou algo que fira seus princípios morais.
Estudos recentes (e alguns nem tanto!) avaliaram o uso de algumas abordagens hipnóticas em pacientes com transtornos alimentares, especialmente em pacientes com anorexia nervosa (AN). O artigo "Hypnotic alteration of body image in the eating disordered", por exemplo, apresentou vários relatos de caso em que técnicas distintas de hipnose foram empregadas com sucesso em pacientes com AN, a fim de melhorar sua imagem corporal. A imagem corporal engloba a percepção que temos do nosso corpo, o que sentimos e a forma como reagimos a esta percepção. Outros estudos utilizaram a sugestão hipnótica para aumentar a percepção dos sinais de fome e saciedade das pacientes, para aumentar o auto-controle diante de situações de compulsão e purgação e para aumentar o prazer durante a alimentação.
É claro que o tratamento dos transtornos alimentares deve ser multiprofissional, contando pelo menos com psiquiatra, nutricionista e psicólogo. Entretanto, é importante sabermos que outras abordagens alternativas (arteterapia, hipnose) têm apresentado resultados positivos e podem ser utilizadas como recursos adicionais ao tratamento convencional.