segunda-feira, 26 de março de 2012

Educação em diabetes promove queda no número de amputações



Nos dias 24 e 25/3, ocorreu aqui em São Paulo o 15o Congresso da ADJ/Diabetes Brasil, destinado a pacientes com diabetes, onde fui palestrante. Como ainda estou no clima do evento, resolvi dedicar este post aos diabéticos, já que ele traz uma ótima notícia!
O órgão americano CDC ("Center for Disease Control and Prevention", ou seja, "Centro de Controle e Prevenção de Doenças") divulgou que nos últimos 20 anos houve queda significativa no número de amputações em diabéticos.
O estudo, conduzido pelo próprio órgão, avaliou os registros americanos de alta hospitalar entre 1988 e 2008, buscando pacientes com 40 anos ou mais que houvessem perdido dedos, pés ou pernas devido ao diabetes. Apesar dos casos da doença terem triplicado nesse período, o número de amputações caiu de 11 a cada 1000 casos para 4 a cada 1000 casos.
Os autores atribuem esse resultado à uma evolução dos tratamentos existentes atualmente, à maior frequência de monitoração glicêmica e à melhora na educação dos pacientes.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Coração de mãe: mães em situação de risco socioeconômico tendem a ser mais obesas

Um novo estudo publicado na revista científica Social Science and Medicine obteve resultados que confirmam que a obesidade não é uma questão individual, e sim social: após analisarem dados de 7.931 indivíduos, os pesquisadores descobriram que mães que se encontram em sitaução de risco socioeconômico e precisam se esforçar para alimentar os filhos tendem a ser mais obesas que homens na mesma situação (pais solteiros), ou mesmo mulheres e homens também pobres mas sem filhos.
Uma explicação provável seria que essas mulheres fariam de tudo para garantir a alimentação de seus filhos, inclusive pular refeições e comer alimentos mais baratos e menos nutritivos (atitudes que, a longo prazo, contribuem com o ganho de peso).

terça-feira, 6 de março de 2012

Arrepio do dia: dieta enteral cetogênica



Apesar do calor que tem feito em São Paulo ultimamente, não pude deixar de sentir um forte arrepio essa manhã. E o pior é saber que algumas coisas estão mais próximas de nós do que imaginamos...
Explico: a nova moda no Reino Unido, que tem se espalhado rapidamente para outros países e que inclusive é defendida por alguns profissionais de saúde, é a chamada "dieta KEN" ("dieta enteral cetogênica"). Ela consiste na colocação de uma sonda nasogástrica que vai administrar uma dieta cetogênica por dez dias.
Ou seja: durante dez dias, a pessoa vai se alimentar exclusivamente por um tubo plástico que vai do nariz até o estômago (OK, ela poderá também tomar água, café e chás, tudo sem açúcar ou adoçante), e a dieta que será ofertada é rica em proteínas e pobre em carboidratos, induzindo em nosso corpo uma condição chamada cetoacidose metabólica. Sem carboidratos, a pessoa passa a produzir substâncias chamadas corpos cetônicos, que deixam nosso sangue mais ácido (acidose metabólica) e causam danos a diversos órgãos de nosso corpo.
Como se não bastasse o fato absurdo de algumas pessoas toparem se submeter a uma situação que só é vivida por pessoas muito doentes e (normalmente) hospitalizadas, os profissionais que defendem essa dieta colocam que são necessários vários ciclos de dez dias com a sonda!!!
Isso é chocante... Um completo descaso com o papel social e psicológico da alimentação, além do fato dessa dieta ser nutricionalmente inadequada, excluindo vários nutrientes vitais como as fibras e os carboidratos... Além disso, ela promove uma perda de peso bastante expressiva em curto prazo, fazendo inevitalvelmente com que os pacientes reganhem todo o peso depois, senão mais...
Para fechar, coloco o depoimento de um médico inglês que está trabalhando com esta dieta: "A bomba (aparelho responsável por administrar a dieta no tubo) é muito leve e silenciosa... Os pacientes me dizem que as pessoas os ajudam a carregar a bolsa com a bomba - elas pensam que eles têm câncer e que estão sob tratamento médico".
Sem mais.