Uma das justificativas para o número cada vez maior de
cirurgias bariátricas na população com diabetes tipo 2 é a ideia de que o procedimento “curaria” a doença. Mas eu sempre ressalto em minhas aulas sobre
diabetes que “o buraco é mais embaixo”.
Sim, muitos pacientes apresentam uma
melhora drástica no controle glicêmico nos primeiros dois anos após a cirurgia;
porém, o diabetes tipo 2 é uma doença crônica, portanto irreversível, e com
diversos processos metabólicos envolvidos, havendo inclusive destruição de
células beta (produtoras de insulina). Sendo assim, é bastante comum os pacientes, após esse período inicial
de “lua de mel” da cirurgia, voltarem a apresentar descontroles glicêmicos (no
jejum e pós-prandial, ou seja, após as refeições) e necessitarem novamente de
medicação. Inclusive, um estudo de 2013 (veja aqui) mostrou que após seis anos de cirurgia a taxa de remissão total e parcial do diabetes foi
de somente 24 e 26%, respectivamente, mesmo sem reganho significativo de peso.
E pasmem: 16% dos pacientes não apresentaram mudança alguma em seu status de
doença com o procedimento.
E foi publicado este mês na revista Lancet (séria e
confiável revista científica) um estudo no qual 120 pacientes com diabetes tipo
2 foram acompanhados por dois anos: metade fez cirurgia e metade passou por
tratamento convencional para a doença. A ocorrência de deficiências
nutricionais, fraturas ósseas e infecções foi mais frequente nos indivíduos
operados, reforçando ainda mais a necessidade de acompanhamento aos indivíduos
com diabetes que optam pela cirurgia (veja estudo aqui).
Nenhum comentário:
Postar um comentário