terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O uso de antidepressivos e o ganho de peso

É comum hoje em dia ver pessoas tomando antidepressivos (como a fluoxetina) na tentativa de perder peso. Entretanto, alguns profissionais e pacientes têm percebido algo que já é alvo de estudos: o uso de diferentes classes de antidepressivos (incluindo os inibidores seletivos de recaptação de serotonina, como a fluoxetina) podem promover ganho de peso a médio e longo prazo.
As duas principais razões para isso são alterações metabólicas e também aumento de apetite, como um "efeito colateral" da melhora do quadro depressivo. Afinal, é muito comum que pessoas deprimidas se tornem inapetentes e não sintam prazer com nada, inclusive com a comida.
Importante ressaltar que, por enquanto, nenhuma medicação (incluindo as drogas normalmente prescritas para perda de peso) foi aprovada para ser usada no controle do ganho de peso promovido por medicações psiquiátricas. Além disso, trocar de remédio e usar outros tipos de drogas em combinação com os antidepressivos sem aconselhamento médico pode ser perigoso.
Se você começou a usar antidepressivo, ganhou peso, está se alimentando bem e se exercitando regularmente e mesmo assim não conseguiu retomar o peso anterior, pense no quadro como um todo: melhor controlar os sintomas da depressão e viver uma vida mais plena (mesmo que com um peso maior do que o desejado) do que ficar mais magro e infeliz. Pelo menos eu penso dessa forma...
PS: esse ano não escrevi nada sobre como aproveitar as festas de natal e ano-novo pois gostei muito do meu post do ano passado, que vocês podem ler aqui. Fora isso, boas festas a todos!!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Mulheres negras obesas apresentam maior auto-estima do que mulheres brancas obesas



Um artigo americano recente, publicado na revista científica "Applied Research in Quality of Life", concluiu que mulheres negras obesas têm auto-estima mais elevada do que mulheres brancas com o mesmo grau de obesidade, além de apresentarem pontuação mais elevada em um questionário que avalia a qualidade de vida como um todo. Ou seja, as mulheres negras obesas também teriam uma melhor qualidade de vida.

Os dados analisados foram coletados entre 2000 e 2010 e participaram da pesquisa 172 mulheres negras e 171 mulheres brancas, todas obesas. A pesquisa indica que as negras aceitam melhor seus corpos, talvez por uma questão cultural. Dados recentes mostram que, nos Estados Unidos, cerca de 80% da população negra feminina acima de 20anos de idade apresenta sobrepeso ou obesidade.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

CRN libera parecer sobre a restrição de glúten na dieta



O CRN-3 (Conselho Regional de Nutricionistas-3ª Região, que regula a prática profissional nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul) divulgou nesta semana um parecer sobre a restrição de glúten na dieta, prática que vem sendo orientada por diversos profissionais da área da saúde, muitas vezes de forma indiscriminada. Após deliberação, o Conselho concluiu que a eliminação dos alimentos que contém glúten da dieta (tudo que contém/é feito de: aveia, trigo, malte, cevada, centeio) só deve acontecer "mediante diagnóstico clínico confirmado de doença celíaca, de dermatite herpetiforme, de alergia ao glúten, ou quando, eliminada a hipótese de doença celíaca, haja diagnóstico clínico confirmado de sensibilidade ao glúten (também denominada como intolerância ao glúten–não celíaca)".
Lembrando que, apesar de nós, nutricionistas, termos conhecimento dos sinais e sintomas dos quadros descritos acima, o diagnóstico clínico é competência do médico! E tem mais: o descumprimento deste parecer "oferece indícios de infringência ao Código de Ética do Nutricionista, sujeitando os infratores a Processo Disciplinar e às penalidades previstas na legislação". Mais uma vitória do bom senso!
Como eu já havia escrito num outro post, a restrição indiscriminada do glúten da dieta pode levar a alguns comprometimentos de saúde, como e redução das bactérias benéficas que habitam nosso intestino. Leia aqui: http://ocorpoemeu.blogspot.com/2010/03/dieta-sem-gluten-diminui-bacterias.html

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Casal será julgado por quase matar a filha por inanição

Não pude deixar passar essa notícia triste e lamentável: foi divulgado no site da CBSNews (http://www.cbsnews.com/8301-504083_162-57327545-504083/wis-couple-arrested-for-allegedly-starving-infant-daughter-in-fear-of-obesity/) que um casal americano será julgado por quase matar por inanição sua filha de 14 meses, pois tinham medo que ela se tornasse obesa. Com 1 ano e 2 meses, a bebê pesava aproximadamente 7kg, que é um valor absurdamente inferior ao recomendado. Além de julgamento, acredito que os pais merecem uma avaliação psiquiátrica rigorosa...

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Dia Mundial do Diabetes: 5 dicas interessantes para quem tem diabetes


Dia 14/11 foi o Dia Mundial do Diabetes, e aconteceram várias atividades no mundo todo visando detectar novos casos e educar os pacientes que já convivem com a doença. Em homenagem à minha amiga nutricionista Nathália Besenbruch, que tem diabetes desde bebê, queria deixar minha contribuição à data (tudo bem, já passou, mas o que vale é a intenção!): são 5 dicas de como conviver melhor com a doença. Vamos lá!

1. Conheça o seu corpo: o diagnóstico de diabetes, apesar de sua conotação negativa, pode ser encarado com uma oportunidade única de conhecer o próprio corpo e entender melhor como ele funciona. Ouvir outras pessoas com diabetes é interessante, mas não assuma que você terá as mesmas reações/sintomas que ela. Cada corpo é único, aprenda com o seu.

2. Mexa o seu corpo: já se sabe que a prática regular de atividade física ajuda no controle do diabetes, além de todos os outros benefícios que uma atividade prazerosa traz. Mais uma oportunidade única de conhecer os limites do seu corpo e saber o que ele pode fazer por você! Preste atenção aos sinais do seu corpo durante o exercício e nunca o faça em jejum, já que pode gerar hipoglicemia. E se a glicemia estiver muito alta (>200mg/dL), faça atividade leve e monitore a glicemia antes, durante e após. Não esqueça de se hidratar!

3. Reduza o seu nível de estresse: o estresse aumenta a secreção do hormônio cortisol, que gera hiperglicemia e resistência à ação da insulina (hormônio que permite o transporte da glicose para dentro das células). Ou seja, o estresse piora o controle do diabetes! Medite, respire fundo e pense positivo.

4. Respeite e ame o seu corpo: muitos pacientes com diabetes podem eventualmente sentir raiva de seu corpo, e se engajar em pensamentos do tipo "por que comigo?". A partir do momento que respeitamos e honramos nossos corpos, estamos automaticamente melhorando nosso auto-cuidado. Afinal, como dizia Caetano Veloso, "qaundo a gente gosta, é claro que a gente cuida".

5. Encontre profissionais que você goste e confie: o tratamento do diabetes, assim como de qualquer doença crônica, é multiprofissional. Encontre profissionais capacitados em diabetes, que você goste e confie. Assim, a comunicação e o tratamento se tornam mais fáceis.

sábado, 12 de novembro de 2011

Pacientes bariátricos terão carteirinha de identificação

Uma novidade lançada no último Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica é a carteirinha do paciente bariátrico. A iniciativa, inédita no mundo, tem por objetivo oferecer mais segurança aos pacientes que passaram pela cirurgia bariátrica quando forem atendidos por outros profissionais e/ou em casos de emergências médicas. O documento conterá o nome do paciente, a data de operação, o tipo de técnica cirúrgica e o nome do cirurgião. Aliás, serão eles próprios que distribuirão a carteirinha.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Idosos japoneses com sobrepeso vivem mais


Um estudo recente publicado na revista científica "Obesity" confirmou o que eu já havia escrito aqui: o risco de mortalidade por todas as causas ("all-cause mortality") em idosos parece diminuir conforme aumenta o IMC.
Neste estudo especificamente, 26.747 idosos japoneses entre 65 e 79 anos de idade foram acompanhados por um período de 11 anos, e os achados foram os seguintes:

1. entre os homens, estar com sobrepeso (IMC entre 25,00kg/m² e 29,99kg/m²) ou obesidade (IMC > 30,00kg/m²) não aumentou o risco de mortalidade por todas as causas;
2. entre as mulheres, estar com sobrepeso não aumentou o risco de mortalidade por todas as causas;
3. idosos com IMC entre 16,00kg/m² e 19,90kg/m² (valor este considerado "normal") apresentaram risco de morte elevado em comparação com idosos cujo IMC variava entre 20,00 e 29,90kg/m².

Ou seja: os mais protegidos eram os velhinhos com peso considerado "normal" e também aqueles com sobrepeso! Sendo que, entre os homens, os obesos não apresentaram maior risco de morte.
Interessante, não? Quem quiser ler o estudo, é o primeiro da lista "artigos interessantes", no canto direito do blog!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Aspectos éticos da prevenção de sobrepeso e obesidade



Um artigo muito interessante, publicado recentemente na revista científica "Obesity Reviews", teve como tema os aspectos éticos de intervenções que visam previnir sobrepeso e obesidade através de mudanças no estilo de vida. Os autores analisaram 60programas de prevenção propostos, implementados e/ou estudados após 1980, em várias partes do mundo.
Alguns aspectos problemáticos encontrados:

1. Efeitos incertos na saúde física: muitos programas que são sugeridos e implementados não têm evidência científica suficiente garantindo sua eficácia e um adequado custo benefício. O valor ético que estaria ameaçado, neste caso, é o do bem-estar. Os autores colocam que, muitas vezes, os riscos à saúde de alguns programas acabam sendo subestimados porque acredita-se que a obesidade traz mais riscos.

2. Consequências psicossociais negativas: o ênfase exagerado no peso corporal e nos riscos da obesidade podem gerar medo excessivo na população como um todo, além de estigmatização e discriminação dos indivíduos com sobrepeso e obesidade (como bem ilustra a charge inicial). Os valores éticos que estariam na berlinda são o do bem-estar, o do respeito pelas pessoas, o da privacidade e o da justiça.

3. Inequalidades: muitos programas direcionados à população em geral não conseguem atingir as camadas mais pobres e as minorias étnicas, contribuindo para o aumento das diferenças sociais.

Outros aspectos problemáticos incluem a disseminação de informação confusa/equivocada; a desconsideração do valor social e cultural da alimentação; o desrespeito à privacidade individual; a subestimação dos diversos fatores que podem ser responsabilizados pela gênese da obesidade (sim, a pessoa não é gorda porque ela quer, a responsabilidade não é só dela!).
De forma geral, o estudo sugere que o desrespeito a estes valores éticos pode afetar a efetividade dos programas de prevenção. Além disso, os autores defendem que as intervenções não devem conter medidas coercivas, que "forcem" as pessoas a mudarem seus comportamentos. Ao invés disso, uma opção favorável seria disponibilizar e facilitar escolhas saudáveis. Exemplo prático: ao invés de enfatizar que as pessoas precisam fazer mais exercício, o governo poderia disponibilizar ciclovias, melhorar a infra-estrutura e a segurança dos parques públicos...

Sugiro a leitura do artigo na íntegra, é realmente muito interessante, inclusive ele cita em detalhe os programas avaliados. Quem quiser mando por email!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

"Efeito sanfona" aumenta risco de câncer

Está sendo muito discutida atualmente a associação de um alto valor de IMC, indicativo de obesidade, com alguns tipos de câncer. Entretanto, um estudo recém publicado na revista científica da "American Association for Cancer Research" avaliou se o popular "efeito sanfona" (ou seja, perder e reganhar peso intermitentemente, o que acontece na maioria das dietas) tem alguma relação com a incidência desta doença. E não é que sim? Dois grandes estudos relatados pelos pesquisadores encontraram um aumento em dez vezes no risco de carcinoma renal em mulheres que sofreram "efeito sanfona" na pós-menopausa, além de um aumento no risco de linfoma Não-Hodgkin. Um outro estudo, de base populacional, também encontrou um aumento (modesto) no risco de câncer de endométrio em mulheres que passaram pelo "efeito sanfona".
Concordo e aceito que existem sim estudos que dizem que restrição calórica e perda de peso diminuem a incidência de alguns tipos de câncer. Mas de que adianta fazer restrição e dieta se provavelmente você irá reganhar todo o peso, e ainda terá que arcar com os malefícios extras do "efeito sanfona"?! (95% das pessoas que fazem dieta reganham todo o peso perdido, ou mais). E, se fosse possível manter a restrição por muito tempo, quantas pessoas hoje não estariam mais obesas?!
Vale a pena pensar, não? Da minha parte, quanto mais eu estudo, mais eu me convenço: dietas fazem parte do problema, e não da solução.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Farmácias deixam de oferecer balanças gratuitas

Segundo a Revista da Folha desta semana, muitas farmácias de bairro deixaram de oferecer balanças gratuitas, argumentando que desde 2010 é necessário pagar um valor anual de R$ 119,00 por uma verificação do Inmetro. O que me deixou arrepiada foi o depoimento de um farmacêutico, que disse manter a balança por uma questão de "marketing": "A mulherada se pesa, se assusta e já compra um diurético para lutar contra aquele número que odiou ver".
Fico me perguntando se ele entende de fato a quem é indicado um diurético e os perigos à saúde para aqueles que não têm indicação e usam o medicamento indiscriminadamente...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Meu corpo, o estranho


A tirinha acima nos mostra de forma nua e crua o estranhamento que temos diante do nosso próprio corpo. Apesar da nossa existência estar 100% vinculada a ele, muitas vezes preferimos não conhecer aquilo que nos incomoda. Tentem este exercício: ficar nu/nua diante do espelho e se observar por três minutos. Difícil, não?
O problema é que este estranhamento só piora a nossa imagem corporal, ou seja, a percepção e a atitude que temos diante do nosso corpo. Se eu não conheço meu corpo, como posso respeitá-lo? E se eu não o respeito, como posso gostar dele? (sim, isto é possível, e não importa o tamanho/forma do seu corpo!)
Pensando nisso, deixo aqui alguns exercícios e reflexões de um texto bem bacana que usamos com as pacientes com transtornos alimentares lá do Ambulim. Experimentem e exercitem no dia-a-dia!

1. Nós nascemos em amor com nossos corpos. Observe uma criança sugando seus dedos e pés, sem se preocupar sobre “que corpo gordo eu tenho”. Imagine estar em amor desta forma com o seu próprio corpo.
2. Pense em seu corpo como uma ponte: crie uma lista de todas as coisas que você pode fazer com ele.
3. Esteja consciente do que seu corpo faz a cada dia. Ele é o instrumento de sua vida, não um ornamento para o prazer dos outros.
4. Faça uma lista de pessoas que você admira, que contribuem para sua vida, sua comunidade e o mundo. Quanto da aparência destas pessoas importa para o seu sucesso e realização?
5. Considere o seu corpo como uma fonte de prazer. Pense em todos os modos que ele faz você se sentir bem.
6. Curta seu corpo: estique-se, dance, caminhe, cante, tome um banho de espuma, faça massagem, vá ao pedicure...
7. Ponha frases em seu espelho como: “Eu sou bonito/a por dentro e por fora”.
8. Caminhe de cabeça erguida, com orgulho e confiança em você mesmo como pessoa, não como um “tamanho”.
9. Não deixe seu “tamanho” manter você afastado/a das coisas que você gosta.
10. Reponha o tempo que você gasta criticando sua aparência com atividades mais positivas e satisfatórias.
11. Você sabia que sua pele se troca a cada mês? Seu estômago forra-se a cada 5 dias? Seu fígado a cada 6 semanas? Seu esqueleto a cada 3 meses? Seu corpo é extraordinário – respeite e aprecie isto.
12. Seja o/a especialista sobre o seu corpo – conteste as revistas de moda, a indústria de cosméticos e as tabelas de “peso ideal”.
13. Toda manhã, quando se levantar, agradeça a seu corpo por ter descansado e se rejuvenescido para que você pudesse aproveitar o dia.
14. Toda noite, quando for para a cama, agradeça a seu corpo porque ele ajudou você a atravessar o dia.
15. Encontre um tipo de exercício que lhe dê prazer e o faça regularmente, não para perder peso, mas para sentir-se bem.
16. Pense: se você tivesse apenas um ano para viver, o quão importante seria sua imagem corporal e sua aparência?
17. Faça uma lista de seu guarda-roupa. Você veste roupas para esconder seu corpo ou para seguir a moda? Mantenha apenas as roupas que dão a você sensação de prazer, confiança e conforto.
18. Jogue a balança fora. Adote um estilo de vida saudável e pese-se somente quando for necessário devido a condições médicas. Assuma que limites auto-impostos de peso são muitas vezes arbitrários e estão fora do peso programado internamente pelo nosso corpo.

domingo, 9 de outubro de 2011

Pacientes que sofreram derrame precisam mesmo emagrecer?

Nas diretrizes da American Stroke Association (Associação Americana de Derrame), existe uma recomendação que diz que pacientes com sobrepeso ou obesidade que sofreram um derrame devem perder peso e alcançar um IMC entre 18,50kg/m² e 25,00kg/m²(o que caracterizaria um "peso normal"). Esta recomendação apresenta grau de evidência C, o que significa que não foi baseada em estudos científicos, mas sim na opinião de experts. Mas será que isto procede?
Um estudo de coorte de 2003 que acompanhou 2955 pacientes pós-derrame por seis meses verificou que aqueles que estavam abaixo do peso (IMC < 20,00kg/m²) tiveram mais complicações e uma pior taxa de sobrevivência do que aqueles com peso normal, sobrepeso e obesidade. Em um outro estudo de 2008 com 21884 pacientes, acompanhados por cinco anos, os resultados foram bastante semelhantes. Querem mais? Um estudo agora de 2011 publicado no periódico “Stroke: Journal of the American Heart Association” revisa vários outros trabalhos que concluem a mesma coisa: não se deve recomendar a pacientes que sofreram derrame que percam peso, por mais paradoxal que isto possa soar. De novo, para não restar dúvida: pacientes que sofreram derrame não devem ser orientados a perderem peso!!!
O mesmo vale para pacientes com insuficiência cardíaca, conforme eu escrevi num post em abril (http://ocorpoemeu.blogspot.com/2011/05/um-estudo-recente-com-344-pacientes-com.html), e para pacientes com doença renal crônica, doença pulmonar obstrutiva crônica e artrite reumatóide (as referências destes trabalhos específicos estão no estudo de 2011 previamente citado, aliás quem quiser eu o envio por email!)

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Rede social valoriza socialização das refeições

Novidade bacana: a nova rede social "Eat With Me" ("Coma Comigo", eatwithme.net) entende a importância da socialização das refeições e permite que seus usuários planejem eventos conjuntos para que possam se reunir em restaurantes, jantares em casa, piqueniques, cursos de culinária...
Já existem membros cadastrados em Milão, Berlim, Buenos Aires... Vamos lá Brasil?!

Anvisa proíbe emagrecedores

A Anvisa proibiu ontem o uso dos emagrecedores à base de anfetaminas. O uso da sibutramina foi liberado com algumas novas regras: para comprar o remédio, os pacientes devem apresentar a receita e um termo de responsabilidade assinado por eles e pelo médico. Além disso, a validade da receita diminuiu de 60 dias para 30 dias. A Agência também determina que pacientes que não apresentarem resultado clínico após 4 semanas de uso da droga devem interromper seu uso. Os médicos ainda vão recorrer na Justiça.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Universidades americanas apresentam programas de prevenção de transtornos alimentares

Uma boa notícia para a nossa segunda-feira: as universidades e faculdades americanas já estão utilizando estratégias e programas de prevenção de transtornos alimentares em seus campi. Alguns deles foram divulgados pelo site "Accredited Online Colleges" (http://www.accreditedonlinecolleges.com/blog/2011/11-important-ways-colleges-are-fighting-eating-disorders/) e estão listados abaixo. Viva!

1. Barbie em tamanho real
Uma aluna do Hamilton College em Clinton, Nova York, fez uma Barbie em tamanho real para ilustrar as proporções irreais da boneca. Ela ficou exposta na faculdade, que também participou pela primeira vez da "National Eating Disorders Awareness Week" ("Semana Nacional de Conscientização dos Transtornos Alimentares").


2. Tratamentos alternativos para os transtornos alimentares
Pesquisadores da Universidade de Búfalo estão verificando a eficácia de tratamentos alternativos para os transtornos alimentares, que podem ser aliados ao tratamento convencional. Dentre eles estão técnicas de relaxamento e respiração e ioga.

3. Desfile para promoção de imagem corporal saudável
Todos os anos, a Universidade de Washington realiza um desfile com meninas de vários tamanhos, promovendo a idéia de que é importante se aceitar e se gostar independentemente do tamanho do corpo.



4. Retirada de informação nutricional dos cardápios
Já se sabe que o foco em calorias aumenta a preocupação com a alimentação e com o corpo e pode trazer malefícios aos indivíduos em risco para transtornos alimentares, bem como aos que já têm a doença. Diante disso, a Universidade de Harvard tirou a informação nutricional dos cardápios de sua praça de alimentação estudantil. Agora, as informações só podem ser acessadas caso solicitadas nos respectivos restaurantes.

5. Dia sem espelho
A Universidade de Ciências, na Filadélfia, realiza uma vez por ano a "segunda-feira sem espelho", em que os espelhos do campus são cobertos com um papel branco onde são escritas mensagens positivas sobre imagem corporal e auto-aceitação. Além disso, a universidade promoveu uma exposição de arte com peças criadas por mulheres em recuperação de transtornos alimentares.


6. "Project Heal"
Como a maioria dos tratamentos multiprofissionais para os transtornos alimentares nos Estados Unidos é oferecida por clínicas particulares, duas alunas que se conheceram em uma dessas clínicas criaram o "Project Heal" ("Projeto Curar"), que visa arrecadar fundos para pagar o tratamento de pessoas que não tem recursos para isso. Seis garotas já foram enviadas a centros de tratamento gratuitamente.

Infelizmente, a única iniciativa brasileira de prevenção dos transtornos alimentares que tenho conhecimento é a "Semana Se Dê Conta", promovida pelo Grupo de Estudos em Nutrição e Transtornos Alimentares (GENTA), do qual eu honrosamente faço parte! Este ano a semana de eventos será em outubro, sigam os blogs do GENTA e do Se Dê Conta (lateral direita do meu blog) e acompanhem as novidades!

domingo, 11 de setembro de 2011

Estudo polêmico sobre os "Vigilantes do Peso": algumas considerações

Um estudo polêmico publicado recentemente na revista científica "The Lancet" comparou a eficácia de um programa comercial de perda de peso ("Vigilantes do Peso" ou "Weight Watchers", como é chamado no exterior) com o que os pesquisadores chamaram de "tratamento convencional da obesidade" (ou seja, tratamento com um profissional de saúde apenas). Os resultados do estudo, que acompanhou durante um ano 772 participantes com sobrepeso e obesidade, verificou que aqueles que participaram do programa dos Vigilantes perderam duas vezes mais peso que os voluntários em "tratamento convencional". Além disso, os participantes do primeiro grupo reduziram de forma mais acentuada sua circunferência de cintura.
Antes de me "animar" com estes resultados, que estão sendo amplamente divulgados pela mídia, li a pesquisa completa e tenho algumas considerações:

1. O estudo teve duração de um ano, o que é muito pouco em estudos científicos. Quem garante que depois desse período os pacientes continuaram perdendo peso ou mesmo que eles mantiveram o peso perdido?
2. Foram analisados também exames bioquímicos no início e no final do estudo (insulina, glicose, HDL, LDL, colesterol total e hemoglobina glicada), e somente um dos resultados (insulina) apresentou diferença significativa favorável ao grupo dos Vigilantes.
3. No grupo "tratamento convencional", os voluntários passaram somente com um profissional de saúde, acredito eu que médico (eles não especificaram no estudo!). Já é sabido que qualquer tratamento sério para perda de peso deve ser multiprofissional, contando com médico, nutricionista, educador físico, psicólogo...
4. Bomba final: o estudo foi financiado pelos Vigilantes do Peso!!! (possível conflito de interesses?!)

Para terminar, deixo minha "alfinetada" a esse tipo de programa: tem certeza que você quer deixar de comer alimentos para comer pontos?! Porque de fato é isso que acontece...

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Twitter se nega a bloquear perfis que promovem transtornos alimentares

Foi divulgado hoje no site da UOL que o Twitter negou o pedido de autoridades espanholas de bloquear perfis pró-anorexia e pró-bulimia. Segundo a rede social, o bloqueio constituiria numa "restrição à liberdade de expressão".
Queria ver se eles assumiriam essa mesma postura caso começassem a surgir perfis pró-preconceito racial, pró-nazismo, pró-homofobia...

domingo, 4 de setembro de 2011

Nova droga antidiabética é usada para emagrecimento

Chegou em agosto no Brasil a liraglutida (nome comercial: Victoza), droga antidiabética que imita o GLP-1, um dos hormônios associados à liberação de insulina pelo pâncreas e à sensação de saciedade. Devido a esta última associação, o medicamento já está sendo prescrito por alguns médicos a pacientes com sobrepeso e obesidade, a fim de auxiliar no processo de emagrecimento. Os especialistas dizem que os únicos efeitos colaterais relatados até então são náuseas e dores de cabeça nas duas primeiras semanas, e que pacientes que apresentam níveis normais de glicose no sangue não terão a estimulação do pâncreas pela droga para liberação de insulina. Entretanto, é importante ressaltar que, por enquanto, o fabricante e as agências de saúde só indicam a droga para o tratamento do diabetes tipo 2. Os ensaios clínicos que avaliam o uso do medicamento com a finalidade de emagrecimento ainda não foram completados e submetidos às autoridades sanitárias.
Por enquanto, melhor agir com cautela e investir no estilo de vida. Em breve, notícias da Anvisa sobre a proibição dos anorexígenos (anfetaminas) e da sibutramina.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Remédios emagrecedores não serão banidos

Saiu ontem na Folha de São Paulo a notícia de que a Anvisa deve recuar da proposta inical de banir os emagrecedores do mercado brasileiro. O relatório técnico será submetido à votação da diretoria da Agência no dia 30/08, e as decisões seriam as seguintes:
1. proibir a comercialização das anfetaminas (amfepramona, femproporex, dietilpropiona);
2. permitir a comercialização da sibutramina com algumas condições: os médicos teriam que assinar um termo de responsabilidade ao prescrever a droga e os pacientes assinariam outro termo dizendo que foram bem informados quanto aos riscos de seu uso (em especial por pacientes cardíacos).

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Livro infantil incentiva crianças a fazerem dieta

Em outubro será lançado nos Estados Unidos um livro infantil chamado "Maggie goes on a diet", já à venda na Amazon.com. O livro é destinado ao público de 4 a 8 anos de idade, e a descrição do produto no site diz o seguinte (traduzido livremente do inglês):
"Esse livro é sobre uma garota de 14 anos que entra numa dieta e é transformada de uma garota extremamente insegura e com sobrepeso em uma garota de tamanho normal que se torna a estrela do time de futebol da escola. Por meio de tempo, exercício e trabalho duro, Maggie se torna mais e mais confiante e desenvolve uma auto-imagem mais positiva."


O QUE?!
Meu Deus, como alguém pode escrever um livro incentivando crianças de 4 a 8 anos a entrarem numa dieta?! Isso soa absurdo até mesmo para quem não entende nada de nutrição, saúde, transtornos alimentares! Agora, quem entende sabe que:
1. inúmeros estudos já confirmaram que dietas são fatores de risco para alimentação transtornada e transtornos alimentares, além de favorecerem o ganho de peso ao longo do tempo;
2. estudos com adolescentes já encontraram associação entre a prática de dietas e uma pior imagem corporal e auto-estima e um maior uso de álcool e tabaco.
Então, se você está lendo este post e tem filhos, faça um favor a si mesmo: não compre este livro. Aproveite também e entre na página do livro na Amazon (http://www.amazon.com/Maggie-Goes-Diet-Paul-Kramer/dp/0981974554/ref=cm_cd_pdp?_encoding=UTF8&cdPage=1&noLL=1&newContentID=Tx1V60OXP437GQ9) e deixe um comentário manifestando sua indignação na discussão que tem o mesmo título do livro.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Cirurgia bariátrica não reduz mortalidade em homens obesos mais velhos

Um estudo americano multicêntrico muito bem conduzido avaliou a mortalidade de pacientes obesos de alto risco após a realização de cirurgia bariátrica, comparando com indivíduos controle. Os pacientes cirúrgicos (n=850; idade média=49,5 anos; IMC médio=47,40kg/m2) e o grupo controle (n=41.244; idade média=54,7 anos; IMC médio=42,00kg/m2) foram acompanhados por um período de 6,7 anos. Os resultados encontraram que, ao parear os pacientes cirúrgicos com os pacientes controle, não houve diferença na mortalidade entre os dois grupos. Uma das justificativas dos autores para este achado surpreendente é o fato da população estudada ser composta por homens mais velhos, ao contrário de outros estudos, que estudaram predominantemente mulheres mais novas.
O estudo “Survival among high risk patients after bariatric surgery” foi publicado na edição de junho deste ano do Journal of the American Medical Association, posso mandar por email a quem tiver interesse.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Notícia rápida: Brasil só perde para os EUA em número de cirurgias de obesidade

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, nosso país só perde para os Estados Unidos em número de cirurgias de obesidade: 60.000 x 300.000 por ano. Em 2009, eram feitos por ano 35.000 procedimentos, ou seja, o número praticamente dobrou.

sábado, 6 de agosto de 2011

Magreza não é sinônimo de nada: meu relato

Uma dissertação de mestrado defendida recentemente na Faculdade de Saúde Pública concluiu: para garotas obesas, ser magra é sinônimo de aceitação e sucesso. Não que isso seja novidade, provavelmente todos nós já ouvimos ou já pensamos a respeito dessa associação alguma vez na vida. Afinal, todos os dias somos lembrados pela mídia e pela sociedade em geral que é melhor ser magro, e não importa a justificativa: vaidade, beleza, confiança, sucesso profissional, saúde. É um ataque sutil, mas que está contribuindo para abalar a auto-estima de milhões de pessoas no mundo todo.
Eu mesma já sofri com meu corpo. Apesar de ter sido bem magra durante a infância e o início da adolescência, sempre tive uma "barriguinha saliente" que me incomodava bastante. Quando tirei as fotos abaixo do fundo do baú, nem pude acreditar no corpo que vi!




Ao longo da adolescência, coloquei na cabeça que se eu emagrecesse e perdesse a "barriguinha" seria "mais": mais popular, mais bonita, mais aceita. Além da dança, que sempre foi minha paixão, comecei a frequentar a academia e a fazer musculação todos os dias, com apenas treze anos. Comecei a regular e controlar minha alimentação. Felizmente, a situação não evoluiu e não se agravou tanto a ponto de eu prejudicar minha saúde e desenvolver uma doença, como por exemplo um transtorno alimentar. Mas essa espécie de "obsessão" tomou conta de muito do meu tempo, que eu poderia ter usado para alguma outra coisa certamente melhor e mais útil.
Enfim, o que passou passou, mas a questão é a seguinte: eu alcancei o meu objetivo? Não e sim. Não perdi a "barriguinha", até porque ela é uma caracterísitca genética da qual hoje eu tenho orgulho: minha mãe tem, minha avó tem... E isso faz parte da minha herança, de quem eu sou. Eu inclusive ganhei um pouco de peso ao longo da adolescência, por conta das questões hormonais e também porque eu passei a ter uma relação mais saudável com a alimentação, deixei de fazer restrição. Mas eu me tornei sim mais "popular", mais sociável e mais bonita de corpo e alma. Eu mudei quando a minha atitude mudou, quando eu resolvi impor meu espaço no universo e quando eu resolvi confiar mais em mim mesma. Porque a auto-estima não depende quase nada da forma do nosso corpo. Muitos outros fatores podem ajudar a melhorá-la: apoio e suporte familiar, amizades, estudo, trabalho, espiritualidade e a nossa própria individualidade, aquilo que justamente nos torna diferente dos outros. Afinal, o que todos temos em comum são as nossas diferenças.
E hoje eu sou assim, feliz da vida, e com o corpo mais "cheio": cheio de amor, paz de espírito e vontade de viver!


quarta-feira, 27 de julho de 2011

Calorias no cardápio: isso funciona?

Está em tramitação no Legislativo Federal uma proposta de lei que visa obrigar todos os estabelecimentos alimentícios a colocar no cardápio o valor calórico de suas preparações. O autor do projeto, deputado Mendes Thame, alegou à Folha de São Paulo (caderno Cotidiano, 26/07/2011) que os consumidores muitas vezes ingerem comidas calóricas por falta de informação. Entretanto, já sabemos hoje graças a vários estudos que o conhecimento nutricional não é um dos fatores mais importantes que influencia a escolha alimentar de um indivíduo. Ou seja, saber que o alimento é calórico provavelmente não vai fazer a pessoa desistir de comê-lo. E pode, por meio do sentimento de culpa, reduzir o prazer da alimentação e instigar pensamentos do tipo “tudo ou nada”, ou seja, “já que vou comer isso vou aproveitar e enfiar o pé na jaca de vez!”. E tem mais: estudos recentes também indicam que muitas vezes os consumidores nem sequer prestam atenção à informação calórica divulgada.
Alguns estudos interessantes no Pubmed (www.pubmed.com) para quem quiser saber mais:

1. The effects of calorie information on food selection and intake
2. Consumer estimation of recommended and actual calories at fast food restaurants

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Hipnose no tratamento de transtornos alimentares

Segundo a Sociedade Brasileira de Hipnose e Hipniatria, "a hipnose é um estado alterado de consciência, ou é um estado de consciência no qual o conhecimento que você adquiriu durante toda sua vida e que você usa automaticamente torna-se, de repente, disponível." Durante um estado hipnótico, há um estreitamento de consciência e um aumento de sugestionabilidade. Entretanto, ao contrário do que muitos pensam, nem todos são capazes de serem hipnotizados, e quando a hipnose de fato ocorre, o paciente detém o controle durante todo o tempo. Não se pode obrigar o hipnotizado a fazer o que não quer ou algo que fira seus princípios morais.
Estudos recentes (e alguns nem tanto!) avaliaram o uso de algumas abordagens hipnóticas em pacientes com transtornos alimentares, especialmente em pacientes com anorexia nervosa (AN). O artigo "Hypnotic alteration of body image in the eating disordered", por exemplo, apresentou vários relatos de caso em que técnicas distintas de hipnose foram empregadas com sucesso em pacientes com AN, a fim de melhorar sua imagem corporal. A imagem corporal engloba a percepção que temos do nosso corpo, o que sentimos e a forma como reagimos a esta percepção. Outros estudos utilizaram a sugestão hipnótica para aumentar a percepção dos sinais de fome e saciedade das pacientes, para aumentar o auto-controle diante de situações de compulsão e purgação e para aumentar o prazer durante a alimentação.
É claro que o tratamento dos transtornos alimentares deve ser multiprofissional, contando pelo menos com psiquiatra, nutricionista e psicólogo. Entretanto, é importante sabermos que outras abordagens alternativas (arteterapia, hipnose) têm apresentado resultados positivos e podem ser utilizadas como recursos adicionais ao tratamento convencional.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Propaganda de adoçante incentiva atitudes alimentares transtornadas

Imagine a seguinte propaganda de televisão, de um novo adoçante americano feito de estévia (para quem não sabe, estévia é uma planta, cujas folhas apresentam uma substância capaz de agir como adoçante): uma moça comendo cheia de culpa a fatia de bolo do seu namorado, enquanto ele não está na sala. A musiquinha de fundo tem a seguinte letra (traduzida livremente do inglês):

"I loved you sweetness (Eu te amo doçura)
But you're not sweet you made my butt fat (Mas você não é doce você deixou minha bunda gorda)
you drove me insane (Você me deixou louca)
self control down the drain (Meu auto-controle foi para o ralo)
we're over i'm so done with that (é o fim, estou tão cheia disso)
I found a new love (eu achei um novo amor)
A natural true love (um amor verdadeiro e natural)
that comes from a little green leaf (que vem de uma pequena folha verde)
zero calorie guilt free no artificiality (zero calorias, livre de culpa, sem artificialidade)
my skinny jeans zipped in relief (meu jeans skinny está aliviado)
It's name is Truvia (seu nome é Truvia)
I had no idea (eu não fazia idéia)
No more sprinkling my coffee with grief (nada de adoçar meu café com culpa daqui para frente)

Para quem fizer questão de ver a propaganda (assim como eu, porque não podia acreditar que isso era verdade!), abaixo está o link do Youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=qzsTU60egf4&w=400&h=310

Algumas considerações:
1. Aparentemente, a empresa resolveu que ao invés de fazer as pessoas gostarem de seu novo produto, seria melhor fazer as mulheres (especialmente) se odiarem e usarem o adoçante para diminuir sua culpa. Como se a moça da propaganda nunca mais pudesse comer um pedaço de bolo, e sim satisfazer sua vontade de doce com um pacotinho de Truvia. Não estudei marketing, mas acredito que incentivar comportamentos e atitudes alimentares transtornadas, como faz a letra da música, não seja uma boa (e ética) estratégia de venda.
2. Só para constar: "vem de uma pequena folhinha verde"? Bom, 99,1% do tal adoçante é um extato de milho chamado "erythritol", e somente 0,9% é estévia! Enganoso? Não, imagina!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Estudo genético revela: pouca gordura corporal nem sempre significa menor risco de doenças

Um estudo recente, liderado por dois médicos de Harvard que analisaram o genoma de mais de 75.000 pessoas, encontrou resultados surpreendentes: há forte evidência de que um gene chamado IRS1 predispõe a um menor acúmulo de gordura corporal, mas está ligado a níveis mais altos de colesterol e glicose no sangue. Ou seja, magreza nem sempre é sinal de saúde metabólica. A seguir está o link de uma reportagem falando sobre o estudo: http://www.eurekalert.org/pub_releases/2011-06/hsif-gss062311.php

sábado, 4 de junho de 2011

Será mesmo alimentação saudável?

O governo americano lançou essa semana um novo ícone gráfico para estimular a alimentação saudável.




O símbolo de baixo é o antigo, a pirâmide alimentar, semelhante àquela usada no Brasil atualmente. Está dividida em quatro andares: o primeiro é dos pães, massas e cereais (ricos em carboidrato, nutriente que dá energia); o segundo é das frutas e vegetais (ricos em fibras, vitaminas e minerais, nutrientes que regulam diversas funções no nosso organismo); o terceiro é dos feijões, carnes, ovos e leites e derivados (ricos em proteínas, nutrientes que constroem nossos músculos, formam hormônios, dentre outras funções); e, finalmente, no quarto e último andar (o menor de todos, representando os alimentos que devemos comer em menor quantidade no dia) estão as gorduras e os doces. Mas pelo menos eles estão lá. No novo símbolo, representado por um prato, estão somente os grãos (representando os alimentos ricos em carboidratos), as proteínas, as frutas e os vegetais. Na lateral tem também um círculo representando o leite e seus derivados. E cadê os doces e as gorduras?! Eles não fazem parte de uma alimentação saudável também, em sua devida quantidade?! Pois eu acho que fazem.
Abaixo está uma definição muito completa (e poética) do que é alimentação saudável, definida pela nutricionista e pesquisadora americana Ellyn Satter. Saboreiem!

“Alimentar-se normalmente é ser capaz de comer quando você está com fome e continuar comendo até você ficar satisfeito. É ser capaz de escolher os alimentos que você gosta e comê-los até aproveitá-los suficientemente – e não simplesmente parar porque você acha que deveria. Alimentar-se normalmente é ser capaz de usar alguma restrição na seleção de alimentos para consumir os alimentos certos, mas sem ser tão restritivo a ponto de não comer os alimentos prazerosos. Alimentar-se normalmente é dar permissão a você mesma para comer às vezes porque você está feliz, triste ou chateado ou apenas porque é tão gostoso. É também deixar alguns biscoitos no prato porque você pode comer mais amanhã ou então comer mais agora porque eles têm um sabor maravilhoso quando estão frescos. Alimentar-se normalmente é comer em excesso às vezes e depois se sentir estufado e desconfortável. Também é comer a menos de vezes em quando, desejando ter comido mais. Alimentar-se normalmente é confiar que seu corpo conseguirá corrigir os errinhos da sua alimentação. Alimentar-se normalmente requer um pouco do seu tempo e atenção, mas também ocupa o lugar de apenas uma área importante, entre tantas, de sua vida. Resumindo, o “comer normalmente” é flexível e varia em resposta às nossas emoções, nossa agenda, nossa fome e nossa proximidade com o alimento.”

segunda-feira, 23 de maio de 2011

"Vi esse centro de emagrecimento e me lembrei de você"

Um centro de emagrecimento nos EUA bolou uma forma nada convencional - e nada sensível, inclusive - de atrair novos clientes. A empresa permite que você envie um email anônimo para um "amigo" com a seguinte mensagem: "vi esse programa de emagrecimento na internet e achei que poderia dividir com você".
Primeiro: que tipo de amigo envia uma mensagem anônima abordando um conteúdo tão delicado quanto este? Segundo: peso é uma questão individual, cada um tem e cuida do seu. E terceiro, imagine receber uma mensagem anônima com os seguintes dizeres: "vi essa clínica de cirurgia plástica na internet e achei que poderia dividir com você". Fica a dica.

domingo, 22 de maio de 2011

Impacto da perda de peso no weight bias

Um trabalho publicado em março avaliou o impacto dos diferentes métodos de perda de peso no weight bias (preconceito da obesidade), já que estudos prévios revelaram que saber sobre a perda de peso de um indivíduo pode na verdade aumentar as impressões negativas a seu respeito.
O estudo foi conduzido da seguinte forma: setenta e três voluntários viram inicialmente uma imagem de uma mulher obesa ou magra (grupo controle) e indicaram suas percepções a respeito da personalidade desta mulher e do seu comportamento (ex: quantas vezes por semana ela se exercita). Num segundo momento, os voluntários viram uma nova imagem da mulher após a perda de peso, e foram informados que ela havia perdido peso por meio de dieta e exercício ou por meio de cirurgia bariátrica. Novamente, os voluntários indicaram suas impressões a respeito da mulher.
Os resultados mostraram que, independentemente da estratégia utilizada no emagrecimento, as mulheres magras foram avaliadas como sendo mais saudáveis e competentes. Foram vistas como menos preguiçosas somente aquelas que haviam perdido peso por meio de dieta e exercício, e não por meio da cirurgia.
Ou seja: o emagrecimento por si só não foi capaz de eliminar a existência do weight bias.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Livros que valem a pena ser lidos!

Olá leitores! Gostaria de comunicar que criei uma nova coluna do lado direito do blog com alguns livros que fizeram muita diferença na minha formação de terapeuta nutricional. Os primeiros são mais voltados para profissionais de saúde, mas fiquem à vontade para darem uma olhada e se inspirarem!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Médicos se recusam a tratar pacientes obesas

OK, havia dito a mim mesma que não escreveria mais no blog esta semana porque tenho uma série de coisas a fazer e ultimamente ando procrastinando demais. Entretanto, uma colega me mandou um link que me chamou muito a atenção. Na verdade, foi mais que isso. Me deixou irritada. O fato é que quinze consultórios ginecológicos na Flórida determinaram que não vão mais atender pacientes obesas, por conta do receio de sofrerem processos. Afinal, existem maiores riscos em procedimentos cirúrgicos e na gravidez para essa população.
Agora eu me pergunto: por que raios esses "doutores" resolveram se tornar médicos? Será que essa negação ao tratamento é ética? E o tal juramento de Hipócrates, onde fica nessa história? Negar cuidado justamente aos obesos, que já demoram muito mais para procurar cuidados de saúde por conta do estigma que sofrem pela sociedade e pelos profissionais de saúde?! Depois dizem que "obeso é doente"... Claro que é! Olha a forma com que nós, profissionais responsáveis por cuidar e tratar, estamos encarando esses pacientes!
Tem muita coisa que precisa ser repensada na saúde.

terça-feira, 17 de maio de 2011

"Obeso" e "gordo": diferenças no weight bias

Um estudo recente publicado na Eating and Weight Disorders avaliou se havia diferença na utilização dos termos "obeso" e "gordo" numa pesquisa que avaliava weight bias, isso é, discriminação da obesidade. O resultados do estudo, que contou com a participação de 425 estudantes universitários, mostraram que pessoas obesas eram avaliadas de forma menos favorável e vistas como mais "nojentas" ("disgusting") em comparação com pessoas gordas. Além disso, os voluntários disseram ser menos provável se tornarem obesos do que gordos.
Os resultados mostram como a percepção individual de um determinado grupo sofre influências dos rótulos a ele vinculados.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Pacientes com insuficiência cardíaca sobrevivem mais com sobrepeso ou obesidade

Um estudo recente com 344 pacientes com insuficiência cardíaca avançada revelou que aqueles com sobrepeso ou obesidade (IMC igual ou superior a 25kg/m²)e com circunferência de cintura elevada (igual ou superior a 88cm em mulheres e igual ou superior a 102cm em homens) sobreviveram mais num período de dois anos e apresentaram menor risco de morte.
Vamos pensar duas vezes (ou mais!) antes de recomendarmos a esses pacientes que percam peso... Afinal, temos a tendência atualmente de achar que a perda de peso por si só é solução para tudo: problemas psicológicos, de auto-estima, câncer, verrugas...

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Estudo com lipoaspiração verifica que a gordura perdida é recuperada

Um estudo muito interessante foi publicado na edição de abril da revista científica "Obesity". Trinta e duas mulheres com peso normal (IMC médio de
24 kg/m²), mas que apresentavam acúmulo de gordura nas coxas ou no quadril, foram dividas em dois grupos: o primeiro passou por um pequeno procedimento de lipoaspiração (foi retirado aproximadamente meio quilo de gordura) e o segundo não passou pelo procedimento. As mulheres se comprometeram a não fazer alterações de estilo de vida durante o estudo, para não comprometer os resultados. Após um ano, as mulheres que sofreram a cirurgia plástica haviam reganhado TODA a gordura perdida, mas esta se acumulou na parte de cima do tronco (abdômen e braços), e não nas coxas e no quadril. Isso demonstra que nosso corpo controla de forma rigorosa a quantidade de gordura no nosso corpo, e quando a perdemos bruscamente (em cirurgias e dietas, por exemplo), nosso corpo trata de recuperá-la de alguma forma.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Adolescentes obesos não necessariamente estão deprimidos

Um novo estudo publicado no Journal of Adolescent Health, que acompanhou por três anos 51 adolescentes americanos gravemente obesos, negros e brancos, detectou que a presença de sintomas depressivos neste grupo não é maior que num grupo controle, composto por adolescentes da mesma idade, gênero e etnia. Este resultado é contrário aos achados de outros estudos, que verificaram relação entre peso e a presença de sintomas depressivos em adolescentes. Entretanto, esses outros trabalhos foram feitos com adolescentes que estavam se tratando em clínicas para perda de peso, ou seja, já havia um viés na escolha da amostra.
Temos que parar de assumir que todos os obesos são tristes, deprimidos, têm baixa auto-estima, são preguiçosos... E por aí vai. Isto é preconceito.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Cresce o número de casos de transtornos alimentares entre judias ortodoxas

Uma notícia interessante foi divulgada recentemente: rabinos alertam para as altas taxas de transtornos alimentares entre judias ortodoxas. Para se ter uma idéia da dimensão do problema, centros de internação e tratamento nos EUA, como o Renfrew, já incluíram comida kosher em seu cardápio.
Os estudos ainda são contraditórios, não se sabe ao certo se há uma maior incidência de transtornos alimentares em judias ortodoxas comparadas com judias seculares ou com não judias. Entretanto, especialistas acreditam que alguns fatores em particular podem estar favorecendo a grande incidência de transtornos alimentares nessa população, bem como uma maior dificuldade no tratamento: a presença de rígidas normas dietéticas e de conduta; o forte estigma que existe na comunidade judaica acerca dos transtornos mentais; e o início precoce da vida familiar, pois é esperado que as adolescentes ortodoxas se casem cedo, tenham filhos logo e assumam todas as responsabilidades de uma mulher judia.

domingo, 20 de março de 2011

A primeira coisa que você perde em uma dieta é... o senso de humor

Uma pesquisa recente publicada no Journal of Consumer Research demonstrou que pessoas em dieta estão mais propensas a se irritarem e exibirem comportamento agressivo.
O estudo comparou pessoas que estavam ou não de dieta, e identificou que o primeiro grupo estava mais propenso a escolher filmes com temática violenta e a expressar mais irritação diante de mensagens que usavam conteúdo controlador (ex: "você deve", "você precisa") para incentivar a prática de atividades físicas. Este efeito seria causado pela disciplina e auto-controle rígidos exigidos nas dietas.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Mais uma maluquice da indústria da dieta

As mulheres americanas estão se engajando em mais uma maluquice com a finalidade de emagrecer, segundo reportagem do The New York Times: injeção diária de hCG, um hormônio da gravidez, combinada com uma dieta de 500kcal/dia (valor considerado extremamente baixo e que não consegue suprir as necessidades do nosso corpo). As candidatas chegam a desmbolsar US$ 1.000,00 por mês em clínicas médicas que oferecem este procedimento. Detalhe: ele não é aprovado pela FDA (órgão americano correspondente à Anvisa no Brasil) e não é embasado em estudos científicos. Além do mais, o uso desse hormônio aumenta os riscos de depressão e de formação de coágulos (uma paciente morreu recentemente de embolia pulmonar, causada pelo procedimento).

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Ações da indústria da dieta não param de subir

Dados recentes divulgados pela CNN Money mostram que a indústria da dieta vem faturando como nunca. Ações de empresas como Weight Watchers (Vigilantes do Peso) e NutriSystem (não existe no Brasil) não param de subir, dada a enorme procura da população pelo método que elas oferecem.
Só me resta uma certeza: com a indústria da dieta faturando milhões, é bem difícil haver um interesse sólido por parte do governo e da sociedade em se buscar mudanças de estilo de vida eficazes e permanentes...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Anvisa tenta banir venda de emagrecedores

Na próxima quarta-feira, acontecerá uma audiência pública promovida pela Anvisa para discutir a retirada do mercado brasileiro de emagrecedores como anfetaminas e a sibutramina. A proibição é praticamente certa, e traz consigo uma grande vantagem: será o fim da farra da prescrição e venda indiscriminadas desses medicamentos. Entretanto, um fator complicante será o aumento do número de cirurgias bariátricas. De qualquer maneira, para perder peso, as pessoas terão que se engajar com mais afinco nas mudanças de estilo de vida.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Nova lata da Pepsi causa polêmica nos EUA

A Pepsi pretende lançar na próxima New York Fashion Week (evento que ela patrocina, por sinal) uma nova lata, mais fininha e alta, que recebeu o nome de "skinny can" ("lata magra"). A publicidade do lançamento gira em torno da relação que existe entre magreza e beleza/estilo. Segundo a Pepsi, a nova lata é "o perfeito complemento para os visuais mais estilosos de hoje em dia".
É uma pena que uma empresa tão grande precise denegrir a imagem de muitas mulheres para vender seus produtos. Essa campanha só tende a reforçar o conceito danoso que já está arraigado na sociedade atual: magreza é sinônimo de beleza. A Associação Americana de Transtornos Alimentares(National Eating Disorder Association) já se posicionou contra a publicidade criada pela Pepsi.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Reino Unido investe em ambulâncias para obesos

Notícia rápida: matéria da Folha de São Paulo (3/2/11) revela que o governo do Reino Unido está investindo em novas ambulâncias para obesos, com macas mais largas e um aparelho especial para suspender pacientes com peso superior a 300kg. Parabéns pela iniciativa!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Pela "desmoralização" da atividade física

Quebrando o jejum de postagens aqui do blog (e aproveitando a deixa da reportagem que saiu no New York Times dia 29/1, "The ripped and the righteous"), vim falar um pouco sobre um assunto que me deixa muito incomodada: a noção de que ser fisicamente ativo significa possuir altos valores morais e de caráter.
O que exatamente eu quis dizer com isso? Bem, atualmente, frequentar a academia e fazer exercício virou sinônimo de disciplina, obediência, esforço. O suor é a porta de entrada para uma vida "virtuosa". Nessa visão, a pessoa sedentária não somente está prejudicando sua saúde como também é "preguiçosa" e "sem vergonha". O exercício físico é hoje um presente que foi embrulhado em julgamentos morais.
Mas não seria exatamente essa visão equivocada da atividade física um dos entraves para que as pessoas comecem a se exercitar e permaneçam ativas? O fato de saberem que estão sendo julgados pelo tanto de exercício que fazem aumenta a ansiedade dos praticantes e torna a atividade física algo maçante e puramente necessário.
Esse post é um apelo pela "desmoralização" da atividade física, para que possamos nos focar de fato nos reais benefícios de permanecermos ativos: nos sentirmos bem, contentes e, consequentemente, saudáveis.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Será mesmo que a cirurgia bariátrica é capaz de curar diabetes?

Uma reportagem divulgada pela American Association of Clinical Endocrinologists (Associação Americana de Endocrinologistas Clínicos) questiona se a diabetes pode de fato ser curada pela cirurgia bariátrica, fato apontado por alguns estudos. Em uma apresentação recente na Associação, médicos relataram o caso de um paciente diabético há sete anos que, após quatro meses de cirurgia bariátrica, apresentou valores normais de glicemia de jejum e hemoglobina glicada (parâmetros de diagnóstico e controle do diabetes), o que permitiu inclusive que ele deixasse de usar insulina. Entretanto, um monitoramento mais detalhado da glicemia do paciente revelou picos de glicemia após as refeições, chegando até 294mg/dL (o limite máximo para diabéticos é de 140mg/dL!). Ou seja, a cirurgia só mascarou a doença. Um alerta aos profissionais de saúde: é muito cedo para afirmar que de fato a cirurgia bariátrica cure a diabetes.