"Parece sempre impossível, até que é feito"
Muitas pessoas chegam ao consultório e dizem que até sabem o
que precisam fazer/mudar na alimentação, mas que de fato não
conseguem tirar aquilo do plano das ideias e concretizar mudanças graduais e
duradouras de comportamento alimentar.
E por que não conseguem? Bem, essa é a pergunta de um milhão
de dólares! Não existe uma resposta absoluta, cada pessoa tem uma história de
vida e um padrão único de crenças e comportamentos. Neste post e no próximo,
tentarei abordar algumas das principais barreiras para comer melhor que
identifico em meus pacientes:
1. Cuidar dos outros e não de
si: existem pessoas extremamente cuidadosas, sempre pensando nos outros
e colocando os desejos e necessidades dos demais diante dos seus próprios
interesses. É o caso de uma paciente, por exemplo, que acorda cedo para servir
o café da manhã ao marido e às filhas e, quando se dá conta, já está
atrasada para o trabalho e sai sem comer. Ou de um outro paciente que, por
sempre fazer hora extra no trabalho (para dar conta de terminar aquilo que os
colegas de equipe não conseguiram), nunca consegue chegar cedo
em casa para cozinhar algo gostoso, e acaba pedindo delivery. Não há problema em ser solidário e ajudar os outros, mas constantemente abrir mão do seu próprio autocuidado pelo do próximo pode se tornar um problema.
2. Responsabilizar as circunstâncias da vida pelas escolhas
alimentares: as situações diárias em nossa rotina são o que são, e
muitas vezes não temos como mudá-las. O que podemos é tentar controlar a nossa resposta, nossa escolha diante da realidade atual.
Alguns pacientes ficam esperando o “momento ideal” para começar a fazer
mudanças na alimentação, mas como o ideal não existe, acabam deixando
sempre para depois. A vida é corrida sim, cheia de imprevistos, mas é
nesse contexto que podemos sempre buscar uma alternativa. Uma paciente,
por exemplo, se programou para fazer salada de quinua com damasco e frango
grelhado no jantar. Porém, como as coisas no trabalho não saíram como o
previsto e ela saiu muito tarde, acabou se frustrando e ligando o “dane-se”:
passou no drive through da lanchonete e comeu um sanduíche com batatas fritas no
próprio carro. Almeje progresso, e não perfeição. Tente fazer a melhor
escolha diante da situação que se apresenta, mesmo que não seja a escolha “perfeita”.
3. Não ter a comida como prioridade na vida: uma querida amiga
nutricionista sempre diz que a comida não é a coisa mais importante da
nossa vida, mas que deve ser uma delas. Quando as pessoas dizem que não
têm tempo para pensar no que comer, para comprar alimentos in natura, para cozinhar mais em
casa, eu sempre me lembro que tempo é questão de prioridade. Fazer
mudanças na alimentação requer dedicação e desejo de olhar para a
rotina e entender como e por que se está comendo. Cozinhar mais é uma das
grandes mudanças que podemos fazer em prol de nossa saúde física e mental.
Para quem duvida, sugiro assistir ao documentário “Cooked”, disponível no
Netflix.
E você, se identifica com alguma dessas barreiras? Reconhece
outras na sua rotina? Deixe seu comentário :)
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