Dando continuidade ao texto da semana passada, aqui estão
algumas outras barreiras para comer melhor que identifico em meus pacientes:
1. Viver no piloto
automático: é impressionante o número de reações automáticas que podemos
apresentar quando estamos diante de um estímulo alimentar. Algumas pessoas vão
ao cinema e, sem nem mesmo avaliar se estão com fome ou vontade naquele momento,
acabam entrando na fila da pipoca. Outras
vão ao rodízio e, “para fazer o dinheiro valer”, terminam comendo
excessivamente, até se sentirem fisicamente desconfortáveis.
Tente se
reconectar consigo mesmo quando estiver diante da comida. Preste atenção nas
decisões automáticas que surgem e reflita se elas fazem sentido naquele
momento. Por que estou comendo? Estou com fome ou vontade? Como estou me
sentindo? Estou comendo só porque vi o alimento? Vou me sentir bem se comê-lo neste momento?
2. Comer enquanto a
cabeça passeia: muitas vezes enquanto comemos, não estamos de fato
presentes na experiência sensorial que a comida nos proporciona. Pensamos no
que deixamos de fazer, nos preocupamos com aquilo que ainda precisamos
resolver, imaginamos a viagem do próximo final de semana e/ou
sentimos culpa por termos decidido comer algo que consideramos “proibido”.
Quando
estamos comendo mas não estamos de fato presentes, a experiência alimentar fica
incompleta, nos desconectamos de nossos sinais internos e não obtemos o máximo de
prazer que poderíamos obter. Com isso, acabamos comendo mais para nos sentirmos saciados e satisfeitos.
3. Tentar se livrar
de sensações desconfortáveis por meio da comida: evolutivamente, nós temos
a tendência natural de querer nos livrar daquilo que é desagradável e
desconfortável, e muitas vezes acabamos usando a
comida com essa função. É o chamado comer emocional. E não há nada de errado em
se buscar um pouco de conforto no alimento, mas isso se torna problemático quando
a comida passa a representar um dos únicos modos de enfrentamento de emoções. Se
o dia foi ruim no trabalho, “merecemos” passar no restaurante fast food favorito; se estamos
entediados, pegamos um saco de salgadinho e nos sentamos em frente à televisão;
se estamos cansados, abrimos uma lata de cerveja. Tente perceber o quanto seus estados emocionais têm influenciado a quantidade e o momento em que se alimenta.
"Não consigo decidir se preciso de um abraço, de um café grande, de seis doses de vodka ou de duas semanas de sono."
4. Se tratar de forma
dura e pouco compassiva. Temos muita dificuldade em lidar com nossas falhas
e vulnerabilidades. Isso cria um desconforto que, como descrito acima, pode ser
“tamponado” por meio da comida. Além disso, não exercitamos nossa permissão incondicional
de comer aquilo que nos dá prazer e, quando comemos, nos sentimos tão culpados
que passamos a funcionar no modo “8 ou 80”: agora que comi o que não devia, já
era, vou continuar comendo!
Tente reconhecer e aceitar suas fragilidades, não
se culpe e não se martirize. Trate-se como trataria um amigo querido que está
sofrendo. E, se escolheu comer, procure apreciar e agradecer por estar comendo.
"Cuide da sua parte frágil."
E vocês, identificam outras barreiras? Têm outras sugestões?
Comentem aqui :)
Boa semana!
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