quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Remédios emagrecedores não serão banidos

Saiu ontem na Folha de São Paulo a notícia de que a Anvisa deve recuar da proposta inical de banir os emagrecedores do mercado brasileiro. O relatório técnico será submetido à votação da diretoria da Agência no dia 30/08, e as decisões seriam as seguintes:
1. proibir a comercialização das anfetaminas (amfepramona, femproporex, dietilpropiona);
2. permitir a comercialização da sibutramina com algumas condições: os médicos teriam que assinar um termo de responsabilidade ao prescrever a droga e os pacientes assinariam outro termo dizendo que foram bem informados quanto aos riscos de seu uso (em especial por pacientes cardíacos).

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Livro infantil incentiva crianças a fazerem dieta

Em outubro será lançado nos Estados Unidos um livro infantil chamado "Maggie goes on a diet", já à venda na Amazon.com. O livro é destinado ao público de 4 a 8 anos de idade, e a descrição do produto no site diz o seguinte (traduzido livremente do inglês):
"Esse livro é sobre uma garota de 14 anos que entra numa dieta e é transformada de uma garota extremamente insegura e com sobrepeso em uma garota de tamanho normal que se torna a estrela do time de futebol da escola. Por meio de tempo, exercício e trabalho duro, Maggie se torna mais e mais confiante e desenvolve uma auto-imagem mais positiva."


O QUE?!
Meu Deus, como alguém pode escrever um livro incentivando crianças de 4 a 8 anos a entrarem numa dieta?! Isso soa absurdo até mesmo para quem não entende nada de nutrição, saúde, transtornos alimentares! Agora, quem entende sabe que:
1. inúmeros estudos já confirmaram que dietas são fatores de risco para alimentação transtornada e transtornos alimentares, além de favorecerem o ganho de peso ao longo do tempo;
2. estudos com adolescentes já encontraram associação entre a prática de dietas e uma pior imagem corporal e auto-estima e um maior uso de álcool e tabaco.
Então, se você está lendo este post e tem filhos, faça um favor a si mesmo: não compre este livro. Aproveite também e entre na página do livro na Amazon (http://www.amazon.com/Maggie-Goes-Diet-Paul-Kramer/dp/0981974554/ref=cm_cd_pdp?_encoding=UTF8&cdPage=1&noLL=1&newContentID=Tx1V60OXP437GQ9) e deixe um comentário manifestando sua indignação na discussão que tem o mesmo título do livro.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Cirurgia bariátrica não reduz mortalidade em homens obesos mais velhos

Um estudo americano multicêntrico muito bem conduzido avaliou a mortalidade de pacientes obesos de alto risco após a realização de cirurgia bariátrica, comparando com indivíduos controle. Os pacientes cirúrgicos (n=850; idade média=49,5 anos; IMC médio=47,40kg/m2) e o grupo controle (n=41.244; idade média=54,7 anos; IMC médio=42,00kg/m2) foram acompanhados por um período de 6,7 anos. Os resultados encontraram que, ao parear os pacientes cirúrgicos com os pacientes controle, não houve diferença na mortalidade entre os dois grupos. Uma das justificativas dos autores para este achado surpreendente é o fato da população estudada ser composta por homens mais velhos, ao contrário de outros estudos, que estudaram predominantemente mulheres mais novas.
O estudo “Survival among high risk patients after bariatric surgery” foi publicado na edição de junho deste ano do Journal of the American Medical Association, posso mandar por email a quem tiver interesse.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Notícia rápida: Brasil só perde para os EUA em número de cirurgias de obesidade

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, nosso país só perde para os Estados Unidos em número de cirurgias de obesidade: 60.000 x 300.000 por ano. Em 2009, eram feitos por ano 35.000 procedimentos, ou seja, o número praticamente dobrou.

sábado, 6 de agosto de 2011

Magreza não é sinônimo de nada: meu relato

Uma dissertação de mestrado defendida recentemente na Faculdade de Saúde Pública concluiu: para garotas obesas, ser magra é sinônimo de aceitação e sucesso. Não que isso seja novidade, provavelmente todos nós já ouvimos ou já pensamos a respeito dessa associação alguma vez na vida. Afinal, todos os dias somos lembrados pela mídia e pela sociedade em geral que é melhor ser magro, e não importa a justificativa: vaidade, beleza, confiança, sucesso profissional, saúde. É um ataque sutil, mas que está contribuindo para abalar a auto-estima de milhões de pessoas no mundo todo.
Eu mesma já sofri com meu corpo. Apesar de ter sido bem magra durante a infância e o início da adolescência, sempre tive uma "barriguinha saliente" que me incomodava bastante. Quando tirei as fotos abaixo do fundo do baú, nem pude acreditar no corpo que vi!




Ao longo da adolescência, coloquei na cabeça que se eu emagrecesse e perdesse a "barriguinha" seria "mais": mais popular, mais bonita, mais aceita. Além da dança, que sempre foi minha paixão, comecei a frequentar a academia e a fazer musculação todos os dias, com apenas treze anos. Comecei a regular e controlar minha alimentação. Felizmente, a situação não evoluiu e não se agravou tanto a ponto de eu prejudicar minha saúde e desenvolver uma doença, como por exemplo um transtorno alimentar. Mas essa espécie de "obsessão" tomou conta de muito do meu tempo, que eu poderia ter usado para alguma outra coisa certamente melhor e mais útil.
Enfim, o que passou passou, mas a questão é a seguinte: eu alcancei o meu objetivo? Não e sim. Não perdi a "barriguinha", até porque ela é uma caracterísitca genética da qual hoje eu tenho orgulho: minha mãe tem, minha avó tem... E isso faz parte da minha herança, de quem eu sou. Eu inclusive ganhei um pouco de peso ao longo da adolescência, por conta das questões hormonais e também porque eu passei a ter uma relação mais saudável com a alimentação, deixei de fazer restrição. Mas eu me tornei sim mais "popular", mais sociável e mais bonita de corpo e alma. Eu mudei quando a minha atitude mudou, quando eu resolvi impor meu espaço no universo e quando eu resolvi confiar mais em mim mesma. Porque a auto-estima não depende quase nada da forma do nosso corpo. Muitos outros fatores podem ajudar a melhorá-la: apoio e suporte familiar, amizades, estudo, trabalho, espiritualidade e a nossa própria individualidade, aquilo que justamente nos torna diferente dos outros. Afinal, o que todos temos em comum são as nossas diferenças.
E hoje eu sou assim, feliz da vida, e com o corpo mais "cheio": cheio de amor, paz de espírito e vontade de viver!