sábado, 23 de março de 2013

Pacientes confiam menos em profissionais de saúde com excesso de peso



A figura acima ilustra bem o tema de hoje. Já escrevi aqui sobre o preconceito de profissionais de saúde contra pessoas obesas e o impacto negativo que isso gera no cuidado destes pacientes. Entretanto, um estudo fresquinho publicado no “International Journal of Obesity” mostra que o inverso também é verdadeiro: existe preconceito por parte dos pacientes contra profissionais de saúde que estão acima do peso.

O estudo feito com 358 adultos encontrou que os participantes confiavam menos em profissionais com sobrepeso e obesidade, estavam menos propensos a seguirem suas orientações e estavam mais inclinados a mudarem de profissional. O interessante é que o preconceito encontrado foi o mesmo em participantes que também estavam acima do peso. Ou seja, nem quem é gordo quer ser tratado por outro gordo.

Não vou nem entrar no mérito aqui da pressão pela magreza que nós nutricionistas sofremos. Acredito que em nossa classe profissional a exigência pela magreza é bem maior do que na classe de médicos, fisioterapeutas, enfermeiros... Afinal, “como confiar em um nutricionista que é gordo? Se ele é gordo não deve saber o que está fazendo!”

A questão é que a competência profissional de NINGUÉM pode ser medida pelo número que sai na balança. Conheço muitos profissionais excelentes e que são gordos. Inclusive nutricionistas! Hoje em dia já se sabe que emagrecer é muito mais do que simplesmente comer “certo” e se exercitar, a gênese da obesidade é multifatorial e envolve aspectos políticos, sociais, ambientais, psicológicos...

Já ouvi pessoas dizendo que para se acabar com esse tipo de preconceito é “simples”, basta obrigar mesmo os profissionais a emagrecerem. Considero isso um absurdo. Então, para reduzir o preconceito racial vamos “obrigar” as pessoas a trocarem a cor da sua pele?! Vamos “obrigar” os homossexuais a mudarem sua inclinação sexual?! Nunca vi reduzir o preconceito por meio da exclusão. Eu acredito no respeito mútuo e na aceitação. Aceitação de que as pessoas tem a liberdade de decidir individualmente sobre como cuidar de seu corpo e o que fazer com ele.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Cirurgia bariátrica não reduz custos com saúde a longo prazo

É comum hoje em dia você ouvir profissionais de saúde defendendo a cirurgia bariátrica a torto e a direito porque “é o único tratamento realmente eficaz para a obesidade, vai reduzir os custos com saúde que a pessoa vai ter no futuro caso ela não se submeta ao procedimento”. Entretanto, um estudo recente e muito bem conduzido demonstrou que não é bem por aí. A cirurgia bariátrica parece não gerar economia com cuidados de saúde a longo prazo.

Neste estudo, que revisou cerca de 30.000 casos, compararam-se indivíduos obesos que fizeram algum tipo de cirurgia bariátrica com obesos que não realizaram o procedimento. Para o primeiro grupo, os custos com saúde no primeiro ano após a operação foram quase US$ 1.000,00 menores. Entretanto, nos dois anos subsequentes, os custos para os operados foram significativamente mais elevados.

Claro, não podemos esquecer que a cirurgia, quando bem indicada, traz uma série de benefícios à saúde, à qualidade de vida... Mas precisamos estar atentos para não passar adiante uma informação que não corresponde à realidade.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Ressignificando o Dia da Mulher



Tudo começou em 1857, quando mulheres operárias resolveram entrar em greve para exigir melhores condições de vida e trabalho. Muitas foram trancadas dentro da fábrica e queimadas vivas para servirem de exemplo. Muitas mulheres morreram na luta por direitos e liberdades.

Então, parabéns pra nós pelo nosso dia!!!

Ou será que não?

Hoje a mulher conquistou muitos direitos, todos sabemos, mas também assumiu mais deveres. Agora além de trabalhar fora, a mulher precisa ainda (na maioria dos casos) cuidar da casa, dos filhos... E do corpo. As exigências externas para que a mulher mantenha uma aparência “ideal” são excruciantes. E o problema é que muitas mulheres se submetem a elas.

A questão é: você tem uma escolha. Só você pode decidir a postura que vai assumir diante dos cuidados com seu corpo. Se pra você “cuidar do corpo” virou sinônimo de “autoflagelação”, ou se você passa boa parte dos seus dias se preocupando com o que vai vestir, como está o cabelo, que tratamento estético fará em seguida... Cuidado. Talvez seja um momento importante para refletir quem está decidindo isso por você e porque você precisa de tudo isso.

Então, mulheres, aproveitem o dia de hoje para de fato se sentirem valorizadas. Não importa o tamanho ou a forma do seu corpo. Saia para dançar, faça uma massagem, coma algo gourmet e pense nos exemplos de mulheres poderosas dentro de sua própria família ou círculo de amizades. Perceba que seus sucessos e conquistas provavelmente nada tiveram a ver com seu corpo ou aparência, e sim com suas qualidades e virtudes. E encontre as suas também, você está cheia delas!!!

Agora posso dizer: feliz dia das mulheres!!!