quarta-feira, 15 de julho de 2015

Doses homeopáticas de inspiração

Hoje trago neste post alguns vídeos bastante informativos e inspiradores, que promovem uma reflexão crítica acerca dos temas corpo, padrões de beleza, saúde e comida. São vídeos curtos, de no máximo 15 minutos, vale a pena assistir! Alguns possuem legendas em português, outros infelizmente não (mas o Youtube oferece a opção de legendas em inglês). Aproveitem e reflitam!

Cultivando o equilíbrio mental e emocional; por Alan Wallace


Alan Wallace é um grande estudioso e um dos maiores tradutores/intérpretes do Budismo tibetano no mundo ocidental. Nesse vídeo, ele fala sobre os benefícios do mindfulness (atenção plena) no cultivo do equilíbrio mental e emocional e de estados mentais positivos.

Emoções positivas expandem nossa mente; por Barbara Fredrickson


Barbara Fredrickson é um dos grandes nomes na área da Psicologia Positiva, e neste vídeo ela aborda como o cultivo de emoções positivas nos torna mais conscientes do mundo à nossa volta e nos torna mais compassivos. Para quem tiver interesse, ela ministra um ótimo curso online de Psicologia Positiva no portal Coursera, e é grátis. Veja aqui

Aparência não é tudo. Acreditem, sou modelo; por Cameron Russell


A modelo Cameron Russell, que admite ter ganhado uma “loteria genética” promove um debate sobre os padrões de beleza vigente e sobre a glamourização do culto ao corpo e à imagem.

Doug na balança; episódio do desenho animado Doug Funnie


Quem, como eu, se divertia muito com esse desenho animado na infância vai gostar desse vídeo, que mostra a obsessão que a prática de dietas promove e o quanto o estigma da obesidade nos afasta daquilo que realmente importa: a conexão entre seres humanos e o desejo comum a todos de sermos felizes!

De repente, meu corpo; por Eve Ensler


A ativista feminista Eve Ensler, autora da famosa peça “Monólogos da vagina” (encenada mundialmente), conta nesse vídeo sobre como esteve desconectada de seu corpo por muitos anos e de que forma ocorreu sua “volta para casa”. Ela fala sobre a mudança de paradigma que o respeito ao próprio corpo pode trazer às nossas vidas.  

Porque é OK ser gordo; por Golda Poretsky


A ativista do movimento Health at Every Size explica porque as dietas não funcionam e porque ser gordo não é em si um problema. Ela traz referências de estudos que comprovam que as pessoas podem ser saudáveis em qualquer tamanho, a depender de seu estilo de vida e dos comportamentos de saúde adotados.

Nutricionista; por Porta dos Fundos




Finalmente, dois vídeos sobre (e para) os nutricionistas, que mostra por meio do humor a mediocrização da Nutrição quando reduzida a uma profissão simplesmente “emagrecedora” e que leva em conta somente o papel biológico da comida, esquecendo suas funções culturais, sociais, emocionais e afetivas. 

sábado, 4 de julho de 2015

Transtorno alimentar é “estilo de vida”?

Recentemente, me mandaram a seguinte postagem de Facebook: “Cada portador de TA (transtorno alimentar) tem o direito de decidir se sofre de uma condição psicológica ou se apenas aderiu a um estilo de vida, e há muitas vertentes que consideram o segundo caso como correto”.

É de certa forma comum pacientes com transtorno alimentar – que, vamos deixar bem claro aqui, é SIM uma doença psiquiátrica – em algum momento não internalizarem/aceitarem que de fato estão doentes. Primeiro porque às vezes a doença é tão grave que a pessoa já se identificou com ela, ou seja, o transtorno alimentar já faz parte de sua identidade. Segundo porque o tratamento de um transtorno alimentar é longo, complexo e normalmente caro, já que exige a atuação de vários profissionais especializados (pelo menos nutricionista, psiquiatra e psicólogo). Como se trata, então, de um tratamento difícil e que requer ampla participação e enfrentamento por parte do paciente, muitas vezes pode haver uma resistência em se tratar e uma negação do processo da doença. Nessa linha, um estudo recente publicado no Australian and New Zeland Journal of Psychiatry (veja aqui) demonstrou que crenças positivas em relação à anorexia nervosa estavam associadas a uma maior sintomatologia de transtornos alimentares, tanto em homens quanto em mulheres. Para identificar as tais crenças positivas, os pesquisadores apresentaram aos participantes (universitários) um relato de um homem e uma mulher com sintomas de anorexia nervosa, mas sem explicitar abertamente o diagnóstico aos participantes. Consideraram-se crenças positivas uma admiração dos voluntários em relação ao controle alimentar exercido pelos personagens fictícios, bem como um desejo de ser parecido com eles.  Ou seja: quem acha "bacana" ter transtorno alimentar provavelmente o tem também...

Sendo assim, confesso que foi um pouco chocante ler esta publicação numa rede social, a opinião de um indivíduo que não entende sobre isso amplamente disponível para que qualquer pessoa leia e interprete à sua maneira. Transtorno alimentar  NÃO pode ser estilo de vida na medida em que o indivíduo acometido se torna obsessivo, inflexível e apresenta prejuízos no convívio social e na qualidade de vida. NÃO pode ser estilo de vida quando as pessoas claramente estão sofrendo com isso.