segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Casal será julgado por quase matar a filha por inanição

Não pude deixar passar essa notícia triste e lamentável: foi divulgado no site da CBSNews (http://www.cbsnews.com/8301-504083_162-57327545-504083/wis-couple-arrested-for-allegedly-starving-infant-daughter-in-fear-of-obesity/) que um casal americano será julgado por quase matar por inanição sua filha de 14 meses, pois tinham medo que ela se tornasse obesa. Com 1 ano e 2 meses, a bebê pesava aproximadamente 7kg, que é um valor absurdamente inferior ao recomendado. Além de julgamento, acredito que os pais merecem uma avaliação psiquiátrica rigorosa...

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Dia Mundial do Diabetes: 5 dicas interessantes para quem tem diabetes


Dia 14/11 foi o Dia Mundial do Diabetes, e aconteceram várias atividades no mundo todo visando detectar novos casos e educar os pacientes que já convivem com a doença. Em homenagem à minha amiga nutricionista Nathália Besenbruch, que tem diabetes desde bebê, queria deixar minha contribuição à data (tudo bem, já passou, mas o que vale é a intenção!): são 5 dicas de como conviver melhor com a doença. Vamos lá!

1. Conheça o seu corpo: o diagnóstico de diabetes, apesar de sua conotação negativa, pode ser encarado com uma oportunidade única de conhecer o próprio corpo e entender melhor como ele funciona. Ouvir outras pessoas com diabetes é interessante, mas não assuma que você terá as mesmas reações/sintomas que ela. Cada corpo é único, aprenda com o seu.

2. Mexa o seu corpo: já se sabe que a prática regular de atividade física ajuda no controle do diabetes, além de todos os outros benefícios que uma atividade prazerosa traz. Mais uma oportunidade única de conhecer os limites do seu corpo e saber o que ele pode fazer por você! Preste atenção aos sinais do seu corpo durante o exercício e nunca o faça em jejum, já que pode gerar hipoglicemia. E se a glicemia estiver muito alta (>200mg/dL), faça atividade leve e monitore a glicemia antes, durante e após. Não esqueça de se hidratar!

3. Reduza o seu nível de estresse: o estresse aumenta a secreção do hormônio cortisol, que gera hiperglicemia e resistência à ação da insulina (hormônio que permite o transporte da glicose para dentro das células). Ou seja, o estresse piora o controle do diabetes! Medite, respire fundo e pense positivo.

4. Respeite e ame o seu corpo: muitos pacientes com diabetes podem eventualmente sentir raiva de seu corpo, e se engajar em pensamentos do tipo "por que comigo?". A partir do momento que respeitamos e honramos nossos corpos, estamos automaticamente melhorando nosso auto-cuidado. Afinal, como dizia Caetano Veloso, "qaundo a gente gosta, é claro que a gente cuida".

5. Encontre profissionais que você goste e confie: o tratamento do diabetes, assim como de qualquer doença crônica, é multiprofissional. Encontre profissionais capacitados em diabetes, que você goste e confie. Assim, a comunicação e o tratamento se tornam mais fáceis.

sábado, 12 de novembro de 2011

Pacientes bariátricos terão carteirinha de identificação

Uma novidade lançada no último Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica é a carteirinha do paciente bariátrico. A iniciativa, inédita no mundo, tem por objetivo oferecer mais segurança aos pacientes que passaram pela cirurgia bariátrica quando forem atendidos por outros profissionais e/ou em casos de emergências médicas. O documento conterá o nome do paciente, a data de operação, o tipo de técnica cirúrgica e o nome do cirurgião. Aliás, serão eles próprios que distribuirão a carteirinha.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Idosos japoneses com sobrepeso vivem mais


Um estudo recente publicado na revista científica "Obesity" confirmou o que eu já havia escrito aqui: o risco de mortalidade por todas as causas ("all-cause mortality") em idosos parece diminuir conforme aumenta o IMC.
Neste estudo especificamente, 26.747 idosos japoneses entre 65 e 79 anos de idade foram acompanhados por um período de 11 anos, e os achados foram os seguintes:

1. entre os homens, estar com sobrepeso (IMC entre 25,00kg/m² e 29,99kg/m²) ou obesidade (IMC > 30,00kg/m²) não aumentou o risco de mortalidade por todas as causas;
2. entre as mulheres, estar com sobrepeso não aumentou o risco de mortalidade por todas as causas;
3. idosos com IMC entre 16,00kg/m² e 19,90kg/m² (valor este considerado "normal") apresentaram risco de morte elevado em comparação com idosos cujo IMC variava entre 20,00 e 29,90kg/m².

Ou seja: os mais protegidos eram os velhinhos com peso considerado "normal" e também aqueles com sobrepeso! Sendo que, entre os homens, os obesos não apresentaram maior risco de morte.
Interessante, não? Quem quiser ler o estudo, é o primeiro da lista "artigos interessantes", no canto direito do blog!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Aspectos éticos da prevenção de sobrepeso e obesidade



Um artigo muito interessante, publicado recentemente na revista científica "Obesity Reviews", teve como tema os aspectos éticos de intervenções que visam previnir sobrepeso e obesidade através de mudanças no estilo de vida. Os autores analisaram 60programas de prevenção propostos, implementados e/ou estudados após 1980, em várias partes do mundo.
Alguns aspectos problemáticos encontrados:

1. Efeitos incertos na saúde física: muitos programas que são sugeridos e implementados não têm evidência científica suficiente garantindo sua eficácia e um adequado custo benefício. O valor ético que estaria ameaçado, neste caso, é o do bem-estar. Os autores colocam que, muitas vezes, os riscos à saúde de alguns programas acabam sendo subestimados porque acredita-se que a obesidade traz mais riscos.

2. Consequências psicossociais negativas: o ênfase exagerado no peso corporal e nos riscos da obesidade podem gerar medo excessivo na população como um todo, além de estigmatização e discriminação dos indivíduos com sobrepeso e obesidade (como bem ilustra a charge inicial). Os valores éticos que estariam na berlinda são o do bem-estar, o do respeito pelas pessoas, o da privacidade e o da justiça.

3. Inequalidades: muitos programas direcionados à população em geral não conseguem atingir as camadas mais pobres e as minorias étnicas, contribuindo para o aumento das diferenças sociais.

Outros aspectos problemáticos incluem a disseminação de informação confusa/equivocada; a desconsideração do valor social e cultural da alimentação; o desrespeito à privacidade individual; a subestimação dos diversos fatores que podem ser responsabilizados pela gênese da obesidade (sim, a pessoa não é gorda porque ela quer, a responsabilidade não é só dela!).
De forma geral, o estudo sugere que o desrespeito a estes valores éticos pode afetar a efetividade dos programas de prevenção. Além disso, os autores defendem que as intervenções não devem conter medidas coercivas, que "forcem" as pessoas a mudarem seus comportamentos. Ao invés disso, uma opção favorável seria disponibilizar e facilitar escolhas saudáveis. Exemplo prático: ao invés de enfatizar que as pessoas precisam fazer mais exercício, o governo poderia disponibilizar ciclovias, melhorar a infra-estrutura e a segurança dos parques públicos...

Sugiro a leitura do artigo na íntegra, é realmente muito interessante, inclusive ele cita em detalhe os programas avaliados. Quem quiser mando por email!