quinta-feira, 28 de junho de 2012

Cirurgia bariátrica aumenta risco de abuso de álcool

Um estudo prospectivo fresquinho, publicado no JAMA por epidemiologistas da Universidade de Pittsburgh, EUA, verificou que a prevalência de alcoolismo aumentou de 7,6% para 9,6% após a cirurgia bariátrica. O estudo acompanhou 1.945 pacientes de 10 centros hospitalares distintos durante o primeiro ano pós-cirúrgico.

Outro achado relevante é que aqueles que passaram pela técnica do bypass gástrico em Y-de-Roux (técnica bastante comum aqui no Brasil) apresentaram risco duas vezes maior de desenvolver alcoolismo do que aqueles que utilizaram a técnica da banda gástrica. Ou seja, os autores encontraram que essa técnica cirúrgica é um forte preditor independente para abuso de álcool.

O autor principal sugere a hipótese de que as mudanças no metabolismo do álcool após a cirurgia poderiam favorecer o início de quadros de abuso (os pacientes atingem picos mais altos de álcool no sangue e de forma mais rápida).

O link do estudo está aqui.

sábado, 23 de junho de 2012

É benéfico utilizar “recompensas” para promover mudanças de estilo de vida?



Acabei de ler um artigo um pouco antigo (de 1998) mas muito interessante e relevante para o momento em que estamos vivendo. Momento este em que nós, profissionais de saúde, buscamos cada vez mais estratégias que auxiliem nossos pacientes a implementarem mudanças efetivas em seu estilo de vida, com foco na promoção de saúde.

A ciência comportamental tradicional diz que nossos comportamentos são movidos pelas “recompensas” que obtemos deles, e com o tempo acabam se tornando hábito (mesmo que a “recompensa” não esteja mais presente). Ou seja: se um rato numa gaiola sente cheiro de queijo, ele vai tentar alcançá-lo, pois sabe que vai obter algo bom com esta ação. Se por outro lado ele levar um choque quando pisar perto do queijo, sua busca pelo alimento será inibida.

O problema é que nós, humanos, não somos tão “simplistas” assim (e graças a Deus os bons psicólogos comportamentais já entenderam isso!). O artigo (veja aqui) questiona justamente o benefício do uso reforçadores positivos externos (ou seja, “recompensas”) em programas de promoção de saúde.

Segundo os estudos revisados pelo autor, reforçadores positivos (ou “incentivos externos”) até parecem promover maior adesão a programas de saúde em curto prazo, mas não existem evidências de que mudanças de comportamentos se sustentem a longo prazo com esses reforçadores. E pior: eles podem inclusive gerar problemas adicionais.

Um tipo de problema que pode ser criado é recompensar resultados ao invés de comportamentos. Exemplo típico: incentivar a perda de peso e não as mudanças de hábitos que estão associadas a este objetivo, reforçando a ideia de que “os fins justificam os meios” (basta assistir ao programa televisivo “The Biggest Loser”, em que os concorrentes não medem esforços e fazem de tudo para perder peso, não importando se as estratégias podem trazer inclusive riscos á saúde).

Outro exemplo: suponhamos que uma empresa, como parte de um programa de saúde institucional, resolva dar um bônus aos funcionários que consigam baixar seus níveis de colesterol sanguíneos (notem: o foco da recompensa é o resultado, e não os comportamentos que promoveriam a redução dos níveis de colesterol). Aqueles que não conseguirem alcançar o resultado esperado provavelmente ficarão frustrados e envergonhados, mesmo que estejam se engajando em hábitos saudáveis com este fim. Isto não gera saúde.

Devemos entender que comportamentos não-saudáveis (como fumar, beber em excesso, apresentar exageros alimentares frequentes ou mesmo compulsões alimentares) normalmente atuam como estratégia de enfrentamento ou evitação de problemas, e o uso de recompensas não busca entender quais são de fato os gatilhos e origens desses problemas. Ou seja: não são abordadas as causas reais desses comportamentos! Com isso, eles tendem a se repetir a longo prazo, quando a recompensa ou incentivo perde seu apelo original.

Moral da história: os verdadeiros incentivos são aqueles que vem da nossa motivação interna, que é construída a cada dia por meio do autoconhecimento.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Projeto mostra fotos de mulheres nuas sem retoques (e a próxima pode ser você!)





O fotógrafo americano Matt Blum está procurando voluntárias brasileiras para seu projeto “The Nu Project”, que reúne desde 2005 fotos de mulheres nuas ao natural, sem maquiagem ou retoques. Ao final do ensaio, a “modelo” recebe dez fotos suas para guardar de recordação. Mais de 100 mulheres de vários países já participaram.
Às corajosas voluntárias (no site já constam inscritas de São Paulo, Rio, Recife, Brasília, Salvador e Belo Horizonte!), as inscrições para a seleção podem ser feitas aqui. De qualquer modo, vale a pena entrar no site para conferir as imagens, que de fato são muito belas e interessantes.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Estigma da obesidade gera mais impactos negativos à saúde do que a obesidade em si



Hoje li um estudo americano de 2008 (veja aqui) muito interessante, que após analisar uma amostra de mais de 170 mil indivíduos adultos chegou à seguinte conclusão: a diferença entre o peso atual do sujeito e seu peso desejado foi um preditor de saúde (mental e física) mais forte do que o IMC em si. Ou seja: o estudo encontrou que o desejo de perder peso é mais impactante à saúde (negativamente falando!) do que a adiposidade propriamente dita. E surpresa: esse efeito foi mais forte em mulheres do que em homens...

Esse resultado é mais uma evidência do quão negativo é o estigma da obesidade em nossa sociedade.

Aproveito para deixar uma dica de livro também:
Fat: the anthropology of an obsession

Bom feriado!