sexta-feira, 28 de outubro de 2011

"Efeito sanfona" aumenta risco de câncer

Está sendo muito discutida atualmente a associação de um alto valor de IMC, indicativo de obesidade, com alguns tipos de câncer. Entretanto, um estudo recém publicado na revista científica da "American Association for Cancer Research" avaliou se o popular "efeito sanfona" (ou seja, perder e reganhar peso intermitentemente, o que acontece na maioria das dietas) tem alguma relação com a incidência desta doença. E não é que sim? Dois grandes estudos relatados pelos pesquisadores encontraram um aumento em dez vezes no risco de carcinoma renal em mulheres que sofreram "efeito sanfona" na pós-menopausa, além de um aumento no risco de linfoma Não-Hodgkin. Um outro estudo, de base populacional, também encontrou um aumento (modesto) no risco de câncer de endométrio em mulheres que passaram pelo "efeito sanfona".
Concordo e aceito que existem sim estudos que dizem que restrição calórica e perda de peso diminuem a incidência de alguns tipos de câncer. Mas de que adianta fazer restrição e dieta se provavelmente você irá reganhar todo o peso, e ainda terá que arcar com os malefícios extras do "efeito sanfona"?! (95% das pessoas que fazem dieta reganham todo o peso perdido, ou mais). E, se fosse possível manter a restrição por muito tempo, quantas pessoas hoje não estariam mais obesas?!
Vale a pena pensar, não? Da minha parte, quanto mais eu estudo, mais eu me convenço: dietas fazem parte do problema, e não da solução.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Farmácias deixam de oferecer balanças gratuitas

Segundo a Revista da Folha desta semana, muitas farmácias de bairro deixaram de oferecer balanças gratuitas, argumentando que desde 2010 é necessário pagar um valor anual de R$ 119,00 por uma verificação do Inmetro. O que me deixou arrepiada foi o depoimento de um farmacêutico, que disse manter a balança por uma questão de "marketing": "A mulherada se pesa, se assusta e já compra um diurético para lutar contra aquele número que odiou ver".
Fico me perguntando se ele entende de fato a quem é indicado um diurético e os perigos à saúde para aqueles que não têm indicação e usam o medicamento indiscriminadamente...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Meu corpo, o estranho


A tirinha acima nos mostra de forma nua e crua o estranhamento que temos diante do nosso próprio corpo. Apesar da nossa existência estar 100% vinculada a ele, muitas vezes preferimos não conhecer aquilo que nos incomoda. Tentem este exercício: ficar nu/nua diante do espelho e se observar por três minutos. Difícil, não?
O problema é que este estranhamento só piora a nossa imagem corporal, ou seja, a percepção e a atitude que temos diante do nosso corpo. Se eu não conheço meu corpo, como posso respeitá-lo? E se eu não o respeito, como posso gostar dele? (sim, isto é possível, e não importa o tamanho/forma do seu corpo!)
Pensando nisso, deixo aqui alguns exercícios e reflexões de um texto bem bacana que usamos com as pacientes com transtornos alimentares lá do Ambulim. Experimentem e exercitem no dia-a-dia!

1. Nós nascemos em amor com nossos corpos. Observe uma criança sugando seus dedos e pés, sem se preocupar sobre “que corpo gordo eu tenho”. Imagine estar em amor desta forma com o seu próprio corpo.
2. Pense em seu corpo como uma ponte: crie uma lista de todas as coisas que você pode fazer com ele.
3. Esteja consciente do que seu corpo faz a cada dia. Ele é o instrumento de sua vida, não um ornamento para o prazer dos outros.
4. Faça uma lista de pessoas que você admira, que contribuem para sua vida, sua comunidade e o mundo. Quanto da aparência destas pessoas importa para o seu sucesso e realização?
5. Considere o seu corpo como uma fonte de prazer. Pense em todos os modos que ele faz você se sentir bem.
6. Curta seu corpo: estique-se, dance, caminhe, cante, tome um banho de espuma, faça massagem, vá ao pedicure...
7. Ponha frases em seu espelho como: “Eu sou bonito/a por dentro e por fora”.
8. Caminhe de cabeça erguida, com orgulho e confiança em você mesmo como pessoa, não como um “tamanho”.
9. Não deixe seu “tamanho” manter você afastado/a das coisas que você gosta.
10. Reponha o tempo que você gasta criticando sua aparência com atividades mais positivas e satisfatórias.
11. Você sabia que sua pele se troca a cada mês? Seu estômago forra-se a cada 5 dias? Seu fígado a cada 6 semanas? Seu esqueleto a cada 3 meses? Seu corpo é extraordinário – respeite e aprecie isto.
12. Seja o/a especialista sobre o seu corpo – conteste as revistas de moda, a indústria de cosméticos e as tabelas de “peso ideal”.
13. Toda manhã, quando se levantar, agradeça a seu corpo por ter descansado e se rejuvenescido para que você pudesse aproveitar o dia.
14. Toda noite, quando for para a cama, agradeça a seu corpo porque ele ajudou você a atravessar o dia.
15. Encontre um tipo de exercício que lhe dê prazer e o faça regularmente, não para perder peso, mas para sentir-se bem.
16. Pense: se você tivesse apenas um ano para viver, o quão importante seria sua imagem corporal e sua aparência?
17. Faça uma lista de seu guarda-roupa. Você veste roupas para esconder seu corpo ou para seguir a moda? Mantenha apenas as roupas que dão a você sensação de prazer, confiança e conforto.
18. Jogue a balança fora. Adote um estilo de vida saudável e pese-se somente quando for necessário devido a condições médicas. Assuma que limites auto-impostos de peso são muitas vezes arbitrários e estão fora do peso programado internamente pelo nosso corpo.

domingo, 9 de outubro de 2011

Pacientes que sofreram derrame precisam mesmo emagrecer?

Nas diretrizes da American Stroke Association (Associação Americana de Derrame), existe uma recomendação que diz que pacientes com sobrepeso ou obesidade que sofreram um derrame devem perder peso e alcançar um IMC entre 18,50kg/m² e 25,00kg/m²(o que caracterizaria um "peso normal"). Esta recomendação apresenta grau de evidência C, o que significa que não foi baseada em estudos científicos, mas sim na opinião de experts. Mas será que isto procede?
Um estudo de coorte de 2003 que acompanhou 2955 pacientes pós-derrame por seis meses verificou que aqueles que estavam abaixo do peso (IMC < 20,00kg/m²) tiveram mais complicações e uma pior taxa de sobrevivência do que aqueles com peso normal, sobrepeso e obesidade. Em um outro estudo de 2008 com 21884 pacientes, acompanhados por cinco anos, os resultados foram bastante semelhantes. Querem mais? Um estudo agora de 2011 publicado no periódico “Stroke: Journal of the American Heart Association” revisa vários outros trabalhos que concluem a mesma coisa: não se deve recomendar a pacientes que sofreram derrame que percam peso, por mais paradoxal que isto possa soar. De novo, para não restar dúvida: pacientes que sofreram derrame não devem ser orientados a perderem peso!!!
O mesmo vale para pacientes com insuficiência cardíaca, conforme eu escrevi num post em abril (http://ocorpoemeu.blogspot.com/2011/05/um-estudo-recente-com-344-pacientes-com.html), e para pacientes com doença renal crônica, doença pulmonar obstrutiva crônica e artrite reumatóide (as referências destes trabalhos específicos estão no estudo de 2011 previamente citado, aliás quem quiser eu o envio por email!)

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Rede social valoriza socialização das refeições

Novidade bacana: a nova rede social "Eat With Me" ("Coma Comigo", eatwithme.net) entende a importância da socialização das refeições e permite que seus usuários planejem eventos conjuntos para que possam se reunir em restaurantes, jantares em casa, piqueniques, cursos de culinária...
Já existem membros cadastrados em Milão, Berlim, Buenos Aires... Vamos lá Brasil?!

Anvisa proíbe emagrecedores

A Anvisa proibiu ontem o uso dos emagrecedores à base de anfetaminas. O uso da sibutramina foi liberado com algumas novas regras: para comprar o remédio, os pacientes devem apresentar a receita e um termo de responsabilidade assinado por eles e pelo médico. Além disso, a validade da receita diminuiu de 60 dias para 30 dias. A Agência também determina que pacientes que não apresentarem resultado clínico após 4 semanas de uso da droga devem interromper seu uso. Os médicos ainda vão recorrer na Justiça.