quarta-feira, 29 de maio de 2013

Fotógrafa obesa retrata reações preconceituosas contra si mesma

Já se falou nesse blog sobre o estigma ou preconceito da obesidade, ou seja, a ideia compartilhada por muitas pessoas de que obesos são preguiçosos, menos capazes, não têm vergonha na cara e por isso continuam gordos... (leia aqui, aqui e aqui). Além disso (e muitas vezes por conta disso), é comum as pessoas gordas despertarem olhares e reações negativos e julgadores por parte dos demais. Foi justamente isto que a fotógrafa americana Haley Morris-Cafiero retratou em seu projeto “Wait Watchers”, um trocadilho com “Weight Watchers”, que o grupo de Vigilantes do Peso.

As fotos eram tiradas da seguinte maneira: ela se posicionava em diversos lugares públicos ao redor do mundo – como a Times Square, em Nova Iorque – fazendo atividades cotidianas como amarrar os sapatos, procurar locais em um mapa, mandar mensagens de um celular... Enquanto isso, um assistente ficava próximo e tirava fotos aleatórias enquanto outras pessoas iam passando. Em várias fotos, a fotógrafa identificou pessoas olhando para ela com ar de deboche ou mesmo tirando um sarro enquanto ela não estava vendo.





Claro que muitas pessoas passaram e simplesmente não prestaram atenção, mas o fato de haver fotos comprometedoras, por assim dizer, nos dá um alerta de que o estigma/preconceito da obesidade está internalizado na sociedade. Será que nós mesmos já não olhamos para um obeso da mesma forma que as pessoas retratadas nas fotos?

Bom feriado a todos!

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Aspectos éticos e sociais podem influenciar comportamento alimentar de universitários


(Tradução: "Qual entrada levanta menos questões éticas?")

Tem sido bastante discutido atualmente que os aspectos médicos e nutricionais da alimentação parecem ser pobres motivadores à mudança de comportamentos alimentares. Ou seja, muitas pessoas já sabem o que “faz bem” e o que “faz mal”, mas as escolhas alimentares permanecem as mesmas. Neste sentido, um estudo interessante publicado em 2010 avaliou a eficácia de um curso focado nos aspectos éticos, sociais, culturais e ambientais da alimentação sobre o comportamento alimentar de jovens universitários.

A pesquisa realizada nos EUA contou com 100 universitários divididos em dois grupos: 28 participaram do curso descrito acima (“Food and Society”) e 72 participaram de outros cursos relacionados com saúde (“Health Psychology”, “Community Health” e “Obesity: Clinical Implications”). O primeiro curso era totalmente voltado às questões sociais, éticas e ambientais relacionadas à alimentação, e o material de estudo e discussão englobava livros e filmes famosos como “O dilema do onívoro”, “Mindless eating”, “Food politics” e “Super size me” (inclusive, leiam e assistam, vale a pena!). Os estudantes preencheram um questionário de frequência alimentar no início e no final do estudo (após três meses de curso).

Os resultados foram interessantíssimos: os alunos do curso “Food and Society” melhoraram significativamente o consumo de vegetais e houve redução quase significativas no consumo de doces e carnes com alto teor de gordura. Já os alunos que assistiram aos demais cursos não apresentaram melhoras e ainda por cima reduziram de forma significativa o consumo de vegetais. Ou seja, esta pesquisa concluiu que aspectos sociais relacionados à alimentação parecem motivar mais o processo de mudança de comportamento alimentar do que questões relacionadas à saúde.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Novo avanço no tratamento do diabetes



Um novo hormônio isolado por pesquisadores de Harvard pode ser a nova promessa para o tratamento do diabetes tipo 2 (e também tipo 1). Seu nome é betatrophin (talvez seja traduzido para o português como "betatrofina") e sua descoberta foi divulgada na revista científica Cell deste mês.

Seu mecanismo de ação, como o próprio nome evoca, consiste no aumento da proliferação de células beta, células do pâncreas responsáveis por produzir e secretar insulina. Esse efeito por enquanto só foi visualizado em ratos. Segundo os autores da pesquisa, se os resultados forem semelhantes em humanos (ensaios clínicos prometidos para daqui 5 anos) e se um medicamento for produzido a partir desta substância, isso poderia significar que pacientes com diabetes precisariam somente de uma injeção por mês de "betatrofina", ao contrário das múltiplas injeções diárias de insulina.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Companhia americana cria loja de roupas especializada para homens obesos


Foto da campanha publicitária da companhia “Destination XL”, que apresenta em suas propagandas televisivas atores obesos

Aproveitando o fato de que aproximadamente 3 em cada 4 homens adultos nos EUA estão acima do peso, a companhia “Destination XL” começou a divulgar essa semana a abertura de uma rede de lojas especializada em roupas plus-size para homens. Além das próprias roupas, as lojas apresentam outros atrativos para o público masculino obeso: têm corredores mais largos, provadores maiores, água mineral engarrafada gratuita, alfaiates à disposição e as televisões sintonizadas em canais com programação esportiva ou do mercado financeiro.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

“Se eu sei o que preciso fazer para emagrecer, por que não faço?”



Muitos pacientes me trazem esse questionamento depois de algumas consultas, quando parece que o tratamento “empaca” e mudanças comportamentais não conseguem ser feitas. A resposta nem sempre é fácil, mas percebo que muitas vezes a inércia de mudar tem a ver com algo simples: não se sentir merecedor. Vou tentar explicar melhor.

A maioria das pessoas já sabe que para melhorar a alimentação e tornar a vida mais saudável é preciso tomar café da manhã, comer frutas e legumes todos os dias, beber mais água, fazer algum exercício físico regularmente... E isso parece simples, não? Mas tais atitudes fazem parte do nosso autocuidado. E muita gente confunde autocuidado com autoindulgência ou mesmo “perda de tempo”. Percebo que muitos dos meus pacientes não tendem a encarar o autocuidado como prioridade, e não só em relação à alimentação, mas em relação também a outros comportamentos que promovem bem-estar: ler um livro, cultivar a espiritualidade e as amizades, ter um momento de lazer/distração no dia, vestir roupas que te deixem mais bonito/a...

São comuns pensamentos do tipo: “por que vou começar a fazer exercício? Por que deixar de comer fritura todos os dias? Já estou gordo mesmo”... Mas já foi dito aqui algumas vezes: se você não se respeita e aprecia as coisas positivas do seu corpo, se você não se gosta minimamente, realmente vai ser difícil cuidar melhor de si. E isso envolve comer de forma mais saudável e até mesmo emagrecer, por mais paradoxal que isso possa soar.

Sugiro a leitura desse belo texto sobre o mesmo tema, escrito pela amiga e colega de profissão Iamara Medeiros.

Bom feriado a todos!