“Como você sabe que está saciado?”
Essa é uma das perguntas cruciais que faço a meus pacientes
quando começamos a trabalhar a reconexão com o corpo e uma maior consciência
alimentar. Afinal, fome e saciedade são dois gatilhos importantes e poderosos
que interferem diretamente no nosso comportamento com a comida. A autora Evelyn Tribole, do livro Intuitive Eating, diz inclusive que
esses sinais compõem nossa “sabedoria interna”, isto é, por meio desses e
outros sinais corpóreos somos capazes de controlar quando devemos comer e
quando já podemos parar.
Um momento favorável para interrompermos nossa refeição é
quando estamos moderadamente saciados, isto é, quando já não temos mais fome
porém ainda estamos confortáveis. É aquele ponto em que ainda cabe mais comida
no estômago, se quisermos, mas nosso organismo já sente a presença dela e portanto
podemos parar. Descrever é um tanto quanto complexo, mas conforme vamos nos
atentando e experimentando essas sensações, elas ficam mais nítidas e claras.
Para atingirmos e percebermos esse estado de saciedade
moderada, são necessários, na minha concepção, três fatores:
1. Quantidade adequada de comida. Esse fator é o mais óbvio: para
ficarmos saciados, precisamos de uma quantidade de comida compatível com a
fome que nos fez comer, ou pelo menos uma quantidade de comida que faça
com que a parede do nosso estômago se distenda (a distensão estomacal
transmite um sinal ao cérebro de que já estamos alimentados). Além disso,
quanto mais macronutrientes presentes na comida – carboidratos, lipídios,
proteínas –, mais saciados ficamos, já que esses nutrientes favorecem a
liberação de hormônios sacietógenos.
2. Atenção ao comer. Diversos estudos mostram que a falta de
atenção ao comer faz com que comamos mais, especialmente por não
percebermos os sinais sutis da
saciedade. O livro Mindless
eating, do autor Brian Wansink, traz várias evidências a esse
respeito. Experimente comer sem distratores – celular, tablet, televisão, computador,
dentre outros – para ver o que muda.
3. Prazer. Quando comemos aquilo que de fato queremos e
nos permitimos sentir prazer – e não culpa –, a tendência é comermos menos.
Afinal, a experiência de saciedade não é somente física. Uma outra palavra
usada para definir saciedade é satisfação, mostrando a importância do
prazer para que a nossa experiência seja a mais plena possível. Quando
comemos aquilo que gostamos, não ficamos buscando compensar a falta de
satisfação do paladar com uma quantidade maior de comida.
Você percebe a influência desses três fatores? De que
maneiras você pode contribuir para que sua experiência de saciedade seja a mais
plena possível?
Boa semana a todos!