quarta-feira, 20 de julho de 2016

Meu filho está acima do peso. Devo abordar isso com ele?


Vou começar o post já com a resposta para a questão do título: segundo estudos científicos recentes, melhor não.
 
Um estudo de 2010, sobre o qual já escrevi aqui no blog, mostrou que saber que o filho estava gordo fez com que os pais incentivassem mais a prática de dietas – fator de risco importante para o surgimento de transtornos alimentares e obesidade –, mas não fez com que ele emagrecesse.
 
Já um estudo de 2016 com 500 mulheres entre 20 e 35 anos encontrou que a insatisfação com o peso estava diretamente relacionada ao fato delas se lembrarem de seus pais fazendo algum tipo de comentário sobre seu corpo quando jovens. Além disso, comparando mulheres com peso eutrófico/normal, aquelas que se lembravam desses comentários eram mais insatisfeitas com seu peso do que as que não se lembravam. E segundo o pesquisador principal do estudo, a influência negativa desses comentários foi a mesma independentemente da frequência com que eles ocorriam, ou seja, não houve diferença na insatisfação com o peso entre as mulheres que se lembravam de poucos ou muitos comentários sendo feitos por seus pais quando jovens. Um outro dado interessante é que tanto comentários sobre o corpo e sobre quanto elas comiam estavam positivamente relacionados ao índice de massa corpórea (IMC) dessas mulheres.
 
Então, se comentar sobre peso com meu filho pode torná-lo mais insatisfeito com seu corpo e mais propenso a ganhar peso no futuro, o que posso fazer??
 
Como tento enfatizar em vários textos aqui do blog, o melhor é focar em estilo de vida e comportamentos, e não em peso. Seja proativo e lidere pelo exemplo. Quer que seu filho coma mais frutas e menos doces? Compre mais frutas em casa e inclusive coma junto com ele. Peça ajuda dele para preparar refeições caseiras, ao invés de optar pelo delivery de fast food. Proponha um passeio no parque aos finais de semana, torne o ambiente familiar num espaço em que seja mais fácil fazer escolhas saudáveis. E mais importante: ajude-o a entender que o foco deve ser a mudança de comportamentos, e não o valor mostrado na balança. Deixe claro que você vai amá-lo não importando o peso que ele tem.

Meu filho está acima do peso. Devo abordar isso com ele?


Vou começar o post já com a resposta para a questão do título: segundo estudos científicos recentes, melhor não.
 
Um estudo de 2010, sobre o qual já escrevi aqui no blog, mostrou que saber que o filho estava gordo fez com que os pais incentivassem mais a prática de dietas – fator de risco importante para o surgimento de transtornos alimentares e obesidade –, mas não fez com que ele emagrecesse.
 
Já um estudo de 2016 com 500 mulheres entre 20 e 35 anos encontrou que a insatisfação com o peso estava diretamente relacionada ao fato delas se lembrarem de seus pais fazendo algum tipo de comentário sobre seu corpo quando jovens. Além disso, comparando mulheres com peso eutrófico/normal, aquelas que se lembravam desses comentários eram mais insatisfeitas com seu peso do que as que não se lembravam. E segundo o pesquisador principal do estudo, a influência negativa desses comentários foi a mesma independentemente da frequência com que eles ocorriam, ou seja, não houve diferença na insatisfação com o peso entre as mulheres que se lembravam de poucos ou muitos comentários sendo feitos por seus pais quando jovens. Um outro dado interessante é que tanto comentários sobre o corpo e sobre quanto elas comiam estavam positivamente relacionados ao índice de massa corpórea (IMC) dessas mulheres.
 
Então, se comentar sobre peso com meu filho pode torná-lo mais insatisfeito com seu corpo e mais propenso a ganhar peso no futuro, o que posso fazer??
 
Como tento enfatizar em vários textos aqui do blog, o melhor é focar em estilo de vida e comportamentos, e não em peso. Seja proativo e lidere pelo exemplo. Quer que seu filho coma mais frutas e menos doces? Compre mais frutas em casa e inclusive coma junto com ele. Peça ajuda dele para preparar refeições caseiras, ao invés de optar pelo delivery de fast food. Proponha um passeio no parque aos finais de semana, torne o ambiente familiar num espaço em que seja mais fácil fazer escolhas saudáveis. E mais importante: ajude-o a entender que o foco deve ser a mudança de comportamentos, e não o valor mostrado na balança. Deixe claro que você vai amá-lo não importando o peso que ele tem.

sábado, 9 de julho de 2016

Sobre valores e prioridades


Tenho me aproximado bastante ultimamente de uma abordagem de psicoterapia chamada de Terapia de Aceitação e Compromisso (Acceptance and Commitment Therapy - ACT). Basicamente, essa abordagem comportamental usa conceitos de aceitação e atenção plena (mindfulness) para engajar um indivíduo em ações e comportamentos que sejam compatíveis com seu conjunto de valores de vida. Ou seja: muito da motivação interna para agirmos vem do quanto aquela ação é de fato relevante dentro do nosso conjunto de valores de vida. E cada um de nós valoriza coisas diferentes: trabalho, família, sucesso, saúde, etc.
O objetivo desse post não é exatamente entrar em detalhes sobre essa terapia, até porque não sou nenhuma expert. Mas essa semana pude perceber na pele que nossas ações mais motivadas estão intimamente relacionadas aos nossos valores mais íntimos e àquilo que consideramos como sendo mais importante em nossas vidas.
Na terça feira minha mãe foi internada com uma pneumonia atípica que atingiu os dois pulmões. Eu fiquei muito apreensiva e preocupada. Minha cabeça começou a ruminar coisas negativas e, nesse momento, a prática de atenção plena foi bem importante: pude perceber meu fluxo mental e não “ir embora” com meus pensamentos. Uma prática que gosto bastante é a do “oi pensamento, obrigada pensamento, tchau pensamento”. Ou seja, quando se perceber pensando “demais” ou quando o conteúdo do pensamento for desagradável, reconheça, agradeça e deixe ele ir.
Além disso, percebi o quanto meu comportamento mudou nessa semana. Muitas das coisas importantes que eu tinha a fazer foram deixadas em segundo plano, pois minha prioridade mudou. Como família é um valor muito importante para mim, tudo aquilo que não era urgente e essencial foi deixado para depois, já que o mais importante era estar no hospital e cuidar/fazer companhia à minha mãe. Não fui à academia, remarquei um ou outro paciente, não estudei... Ou seja: agi de acordo com o valor que era essencial para mim na situação que se apresentava. Quando é muito importante, a tendência é que façamos o que precisa ser feito.
Hora do suplemento para não desnutrir ;)
Muitas pessoas se perguntam: “bom, mas se eu quero tanto perder peso, por que não consigo comer menos e melhor e fazer exercício?”. Uma das razões é que perder peso não é um valor de vida. O que está por trás do seu desejo de perder peso? Melhorar a saúde? Se sentir mais confiante? Ter mais disposição para cuidar de seus filhos? Descobrindo aquilo que realmente  você busca e valoriza, questione-se: o que você pode fazer hoje – independentemente da perda de peso – para conquistar aquilo que almeja? Quais os ganhos que você tem em não mudar? Porque se você age de determinado modo que não é compatível com o valor que você tanto busca, provavelmente você tem algum ganho secundário com isso.
Reflita sobre o que é prioridade pra você. Pois quando é prioridade, encontramos tempo. E tudo dá certo no final J