sexta-feira, 26 de abril de 2013

Mais notícias do mundo da moda

Uma boa e uma má (na verdade assustadora!) notícia em relação às atitudes do mundo da moda com os transtornos alimentares:

Boa: a agência de modelos Star Models lançou uma campanha recentemente declarando-se contra o padrão ultra-magro das modelos. Nas peças publicitárias da campanha, aparece a frase “you’re not a sketch, say no to anorexia” (“você não é um croqui, diga não à anorexia”). A notícia veio bem a tempo de amenizar o fato bombástico divulgado pela ex-editora da Vogue Austrália, que lançou um livro contando que modelos comem lenços de papel para “não sentirem fome” e emagrecerem.







Má: agências suecas de modelos estão “rondando” clínicas especializadas no tratamento de transtornos alimentares a fim de encontrarem “novos talentos”, ou seja, as próprias pacientes com anorexia nervosa, que estão buscando ajuda para recuperar peso e adotar uma relação mais saudável consigo mesmo e com a comida. Que vergonha.

domingo, 21 de abril de 2013

Prevenção de obesidade em escolas pode incentivar transtornos alimentares



É comum atualmente no mundo a criação de programas de prevenção de obesidade nas escolas, focando em incentivos para diminuir o consumo calórico e aumentar o gasto energético por meio de atividade física. O objetivo desses programas é fazer as crianças perderem peso e/ou atingirem um “peso saudável”, e é frequente a adoção de pesagens periódicas para se avaliar o “progresso” obtido.

Entretanto, um estudo americano recente questiona esse tipo de programa, já que não foca em questões como autoestima, estima corporal, ditadura e mito da beleza e comportamentos inadequados para perda/manutenção de peso. E o motivo do questionamento é simples: pessoas predispostas a desenvolverem transtornos alimentares podem interpretar informações sobre alimentação e peso saudáveis de formas extremas, especialmente adolescentes que estão passando por mudanças corporais notáveis. Isso resultaria no surgimento dos transtornos alimentares. E o interessante é o seguinte: este estudo descreve quatro casos de adolescentes americanos (13 e 14 anos, 3 garotas e 1 garoto) que desenvolveram a doença logo após a exposição a programas de prevenção de obesidade em suas escolas. Ou seja: eles relatam que a preocupação com peso e comida só surgiu devido a esses programas.

Outro ponto relevante colocado pela pesquisa: não existem estudos que demonstrem o impacto desses programas na saúde mental das crianças e adolescentes e que confirmem a eficácia das estratégias propostas na perda e manutenção de peso a longo prazo!

É claro que precisamos de programas que abordem a prevenção da obesidade em crianças e adolescentes, mas o que estudos atuais vêm apontando é que estes deveriam propor estratégias de prevenção conjunta de obesidade e transtornos alimentares e focar em comportamentos saudáveis ao invés de "peso saudável" (veja aqui e aqui).

Isso é possível? Com certeza! Inclusive, já deixo aqui o convite: dia 29/6, em São Paulo, o Genta (Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares, do qual faço parte) fará um evento justamente sobre essa temática. Mais informações em breve!

sábado, 13 de abril de 2013

Associação Dietética Americana endossa livro de dieta



A figura acima é a capa de mais um livro de dietas lançado há pouco tempo nos Estados Unidos. O título é autoexplicativo: “The Game On! Diet: kick your friend’s butt while shrinking your own” (algo como “A Dieta Game On!: chute a bunda de seu amigo enquanto encolhe a sua própria”). Ou seja, o livro incentiva que você e seus amigos formem times e iniciem uma competição para ver qual se torna “mais saudável”.

A proposta de “saudável” que o livro oferece envolve o seguinte (daí vocês entenderão a necessidade das aspas!):

1. Comer cinco pequenas refeições ao dia (sim, as porções de fato são bem reduzidas!), intercaladas se necessário por “aperitivos de pepino e aipo”;

2. As refeições devem ser compostas por cereais integrais, proteína magra, gorduras saudáveis e vegetais frescos;

3. As refeições não podem conter alimentos da categoria “fat-loading” e “belly-bloating” (basicamente, os “engordativos”): alimentos fritos, carnes processadas e/ou com elevado teor de gordura, qualquer coisa produzida com farinha branca e açúcar (ou seja, basicamente tudo!), margarina e manteiga, queijos gordurosos, frutas secas e inclusive suco de frutas! Atenção: esses alimentos só podem ser consumidos (e olhe lá!) na sua cota diária de 100 calorias livres (ou seja, coma o que quiser uma vez ao dia até 100 calorias) ou no seu “day-off” (ou seja, naquele dia livre em que aparentemente você terá uma compulsão alimentar);

4. Os alimentos devem ser preferencialmente orgânicos e você deve excluir tudo que contenha adoçantes artificiais;

5. O consumo de cafeína deve ser limitado, por isso os autores eliminam refrigerantes. Entretanto, café e chás (que muitas vezes são ricos em cafeína) são permitidos...

Mas por que resolvi escrever um post voltado para mais um livro de dietas, nada diferente de todos que já existem? Cujas propostas certamente não promovem adesão a mudanças de comportamentos saudáveis a longo prazo, justamente por não serem viáveis? Aí é que está o mais preocupante: a “Academy of Nutrition and Dietetics” (“Academia de Nutrição e Dietética”, antiga “Associação Dietética Americana”), órgão norte-americano que supostamente deveria defender e valorizar a ciência da nutrição e os nutricionistas, ENDOSSA AS ORIENTAÇÕES DESTE LIVRO! Ela coloca em seu documento oficial: “acreditamos que esse livro pode encorajar e motivar o leitor a se tornar mais saudável.” Ainda assim, eles sugerem que os indivíduos trabalhem em conjunto com um nutricionista ao longo da leitura... Ora, se a pessoa vai ao nutricionista ela não precisa ler este livro!

Alguns profissionais de renome nos EUA já estão se mobilizando para mandar um documento à Academia solicitando a retirada deste posicionamento do site oficial do órgão. Trago mais novidades a respeito em breve.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Múmias já tinham aterosclerose



Um estudo publicado agora em março na prestigiada revista científica “Lancet” encontrou resultados surpreendentes: múmias de 4.000 anos já tinham aterosclerose!

O autor da pesquisa avaliou via tomografia computadorizada 137 múmias de 4 regiões diferentes do planeta e que apresentavam diferentes culturas, estilos de vida e hábitos alimentares. Foi encontrada a presença de aterosclerose em mais de um terço da amostra, o que sugere que o corpo humano tenha uma predisposição natural para o desenvolvimento da doença. Além disso, o autor coloca que as múmias viveram numa época em que as causas de morte mais comuns eram as infecções, que poderiam promover estado inflamatório e com isso contribuir com a instalação da aterosclerose.