segunda-feira, 24 de março de 2014

Seriado “My mad fat diary”


Uma amiga e leitora do blog me indicou semana passada o seriado “My mad fat diary”, que conta a história de Rae, uma garota gorda de 16 anos, recém saída de um hospital psiquiátrico onde ficou internada por quatro meses. O primeiro episódio mostra as tentativas de Rae de se integrar a uma nova turma de amigos, ao mesmo tempo que precisa lidar com sua compulsão alimentar, seus desejos sexuais e as inadequações de uma mãe ausente. Vale a pena assistir, pois é um dos raros momentos onde se consegue ver uma personagem gorda que não necessita dos estereótipos de costume para te cativar. O link para baixar a série legendada é este. No Youtube vocês também conseguem assistir, mas a maioria dos links está sem legenda.

Boa semana!

PS: o próximo post será somente dia 14/4, pois amanhã viajo para Nova Iorque para participar do Congresso da Academy for Eating Disorders! Espero voltar com muitas novidades pra colocar aqui!

segunda-feira, 17 de março de 2014

Depoimento de uma leitora

Hoje resolvi postar um email que recebi de uma leitora e que me deixou muito contente! Sinal de que o blog está auxiliando e motivando pessoas a adotarem uma visão mais flexível de alimentação saudável, se conhecerem melhor e serem mais felizes!
(OBS: o nome da leitora foi alterado para preservar sua anonimidade)

"Oi, Carol!

Meu nome é Joana e tenho 36 anos.

Essa semana descobri seu blog e simplesmente me apaixonei. Pra mim foi libertador.

Me identifiquei com várias coisas que você escreveu.

Sempre fui magra, tanto que na infância todos mandavam minha mãe me levar ao médico falando que eu devia estar doente, pois não era normal ser tão magra assim.

Quando fiz 17 anos encorpei, mas ainda era magra. Tenho 1,73 e pesava 59 kg.

Com o passar do tempo fui engordando e acabei atingindo 72 kg. Fiquei muito mal, pois minhas roupas não serviam, quando encontrava com as pessoas todos comentavam como eu tinha engordado e acabei indo a um endocrinologista que uma amiga me indicou. Ele me receitou uma anfetamina, juntamente com a fluoxetina e outras coisas que não me lembro. Disse que eu não podia comer chocolate de jeito nenhum, minha paixão. Em 2 meses emagreci e cheguei aos 63 kg. Fiquei muito feliz, pois me sentia bem com aquele peso. E consegui mantê-lo por 2 anos.

Porém, em junho de 2012, descobrimos que meu pai estava com câncer no estômago. A partir daí começou aquela rotina de hospital, sessões de quimioterapia e, ainda por cima, estava com excesso de trabalho. Assim, descontei toda minha ansiedade na comida e acabei engordando novamente. Cheguei ao 72 kg de novo.

Em outubro do ano passado ele faleceu e decidi que iria cuidar de mim novamente. Mas já estava neurótica com as calorias, gorduras, açúcar e carboidratos dos alimentos. Comecei a olhar tudo o que comia, tinha dias que não almoçava, mas à tarde acabava comendo mais ainda. Até deixava de sair com meu marido para jantar, que é um programa que adoramos, por medo de engordar ainda mais. Quando algum amigo me chamava para sair já ficava ansiosa com medo de comer em excesso e engordar. E depois que comia me sentia extremamente culpada. Enfim, desde outubro não consegui emagrecer nem um quilo.

Após ler o seu blog entendi que devo olhar a comida de outra forma. Me permitir comer um chocolate se estiver com vontade, não fazer restrições a nenhum tipo de alimento e parar de comer quando estiver satisfeita. Entender quando realmente estou com fome ou se não é fome emocional.

Comecei ontem e me senti muito bem pela primeira vez em muito tempo. Só de saber que podia comer o chocolate não me deu vontade, acredita?

Mas devo confessar que estou com um pouco de medo ainda, com medo de comer muito além do que devo só porque posso. Ainda quero emagrecer um pouco e, se possível, ficar entre 64/65 kg, que é o peso que me sinto bem, mas, claro, com saúde. É tudo muito novo para mim. Mas vou seguir nessa caminhada, pois acredito que assim vou obter sucesso.

Muito obrigada!

Sucesso sempre.

Joana."

sábado, 8 de março de 2014

O olhar do outro


Outro dia, resolvi experimentar o recurso de voz do aplicativo Whatsapp para enviar uma mensagem a uma amiga. Quando fui escutar o que tinha gravado, confesso que fiquei um pouco surpresa num primeiro momento com a voz que ouvi. “Espera”, pensei, “ eu falo desse jeito? Minha voz soa assim? Que estranha!”. Entretanto, outras pessoas ouvem minha voz e não acham nada de mais, já estão acostumadas com o jeito que ela soa, e tudo bem.

Acho que algo semelhante acontece quando avaliamos nosso corpo. A tendência, na maioria dos casos, é julgarmos excessivamente aquilo que vemos, e quanto mais observamos parece que mais coisas negativas existem para serem “consertadas”. Somos muito mais críticos ao descrevermos nosso próprio corpo do que o de outras pessoas.

Penso que, para melhorar nossa relação com o corpo, precisamos talvez mudar o modo como interpretamos e julgamos aquilo que enxergamos. Claro que nossas interpretações estão ligadas às nossas experiências e vivências pessoais, e entender/mudar tudo isso requer tempo e disposição. Por isso sempre digo que é muito simplista a ideia de melhorar a satisfação corporal “simplesmente” mudando o corpo, já que dessa forma a mudança seria de fora pra dentro e não de dentro pra fora.

Já diz o ditado, “a beleza está nos olhos de quem vê”. Imagino como seria se pudéssemos exercitar uma visão menos crítica de nós mesmos, se pudéssemos às vezes nos olhar através do olhar do outro...