quinta-feira, 26 de julho de 2012

"O noivo é a nova noiva"


O título refere-se a uma colocação feita pela americana Penny Glazier ao jornal "The New York Times", referindo-se ao fato de que agora os noivos também estão sofrendo em busca de um ideal esbelto para entrar na passarela - opa, desculpem-me, no altar.

As técnicas danosas (tanto física quanto psiquicamente) às quais as noivas se submetem antes do casamento para emagrecerem e estarem "perfeitas" no grande dia já foram abordadas neste post. O alvo da vez agora é o noivo. A reportagem do jornal americano mostra que os futuros esposos estão se engajando mais ativamente em dietas extremas e procedimentos cirúrgicos e estéticos para "saírem bem nas fotos". Alguns salões de beleza nos EUA já oferecem inclusive o "dia do noivo", que pelo visto não demora a chegar no Brasil.

Mais preocupante ainda é o dado da reportagem de que alguns casais já estão inclusive "competindo" sobre quem conquista os "melhores resultados", ou seja, quem emagrece mais, quem está se cuidando mais, criando um foco adicional de tensão (desnecessário, na minha opinião) antes da cerimônia.

Pode ser um questionamento filosófico da minha parte, mas é impressão minha ou o casamento está se tornando mais um "show", um momento voltado para os outros e não para o próprio casal? Para mim, o casamento deveria representar a aproximação íntima de duas pessoas que se gostam do jeito que são, e não o afastamento mútuo e a busca por aquilo que o outro não é...

sábado, 21 de julho de 2012

Agência americana aprova nova droga para perda de peso

A FDA (agência americana que equivale à Anvisa aqui no Brasil) aprovou esta semana uma nova droga para emagrecimento, chamada "Qsymia".

O medicamento, que ainda não chegou ao Brasil (e nem há previsão, até onde eu sei), é uma combinação de dois princípios ativos: topiramato - um anticonvulsivante, bastante usado na psiquiatria em casos de bulimia nervosa, por exemplo - e fentermina - um estimulante da classe das anfetaminas, que inibe a fome.

Apesar de resultados promissores nos estudos, a droga (como qualquer outra) apresenta efeitos colaterais consideráveis. Em 2010, a FDA rejeitou-a por conta do risco de problemas cardiovasculares sérios e alterações cognitivas (perda de memória, dificuldade de concentração).

Outro risco, inerente também a qualquer medicação para perda de peso, é o reganho de peso após a interrupção do uso do medicamento. Sem mudança de hábitos, não há remédio no mundo que resolva.

Vamos tomar cuidado para essa droga não ser divulgada e promovida como mais um "milagre" para perda de peso. É preciso avaliar muito bem quem de fato terá indicações para usar esse medicamento, pesando riscos e benefícios.

sábado, 14 de julho de 2012

Os mitos da satisfação corporal


Quando se fala em melhorar a satisfação corporal, os pacientes logo se assustam: "Como assim? Me gostar? Isso é impossível! Se você tivesse meu tamanho aposto que também estaria insatisfeita!" ou "Imagina, se eu me gostar desse jeito daí é que não vou mudar mesmo, não vou emagrecer nunca!".

Na minha opinião, essas duas visões estão equivocadas. É possível SIM se gostar (ou pelo menos se respeitar) em qualquer tamanho. Assumir uma postura positiva e menos crítica em relação a seu próprio corpo é uma atitude corajosa, mas que depende somente de VOCÊ. Digo "corajosa" porque a sociedade inteira vai tentar te convencer do contrário, ou seja, de que de fato existe algo de errado/imperfeito no seu corpo: as revistas, e/ou seu namorado(a), e/ou seus pais, e/ou seus amigos, e/ou seus inimigos, e/ou os programas de televisão, e/ou seus colegas de trabalho, e/ou aquela sua vizinha que emagreceu de repente com a última dieta da moda, e/ou seus médicos/nutricionistas/professores de academia... Estar insatisfeito é uma condição humana, e essa insatisfação atualmente acaba sendo muito transferida para o corpo.

Em relação ao segundo ponto ("se eu me gostar não vou mudar mesmo, não vou emagrecer nunca"), nenhum estudo até hoje conseguiu provar que maior insatisfação corporal promove maior perda de peso. Pelo contrário! Um exemplo é este estudo fresquinho publicado na revista científica International Journal of Obesity: 1559 garotas com excesso de peso foram acompanhadas por 11 anos, e percebeu-se que aquelas que estavam mais satisfeitas com seus corpos apresentaram elevações menores no IMC e chance 61% menor de terem episódios frequentes de compulsão alimentar.

Se pensarmos bem, esse e outros estudos que mostram resultados semelhantes fazem todo o sentido. Se você respeita/gosta do seu corpo, será muito mais fácil fazer algo positivo por ele, como melhorar sua alimentação, fazer algum tipo de exercício que te traga prazer, comprar roupas mais bonitas e confortáveis...

Como diz a música: "quando a gente gosta, é claro que a gente cuida..."

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Abuso durante a infância aumenta risco de obesidade na idade adulta

Um estudo que será publicado na edição de agosto da renomada revista científica "Pediatrics" encontrou que a exposição a situações de abuso durante a infância (tanto físico quanto sexual) aumenta o risco de obesidade na idade adulta.

O estudo longitudinal americano acompanhou 33.298 mulheres negras e percebeu que o maior risco persistia mesmo ajustando fatores como estado civil, peso ao nascer, exposição à televisão, uso de álcool, menopausa, prática de atividade física, presença de depressão, status socioeconômico. Em casos de abuso severo, o risco de obesidade chegou a ser 29% maior do que na população que não sofreu qualquer tipo de abuso.

As hipóteses para um risco tão aumentado seriam: uso de comida como forma de lidar com os sentimentos negativos gerados pelo abuso; influências negativas na saúde mental, que levariam a comportamentos sedentários; alterações nos níveis de cortisol, estimulando deposição de gordura abdominal.

Os autores reforçam que esforços para previnir abusos na infância vão além da questão social, já que agora foi encontrada mais uma evidência de que a prevenção deve ser questão de saúde (como se antes já não fosse...)