quarta-feira, 21 de abril de 2010

Dieta "louca": fazer jejum todo dia; dieta "aceitável": fazer jejum dia sim dia não!

Incrível como a "ciência" não para de me surpreender...! A gente já sabe que existem dietas loucas nas revistas e em alguns livros duvidosos, agora, numa publicação científica...!
Pesquisadores americanos fizeram o seguinte: colocaram 20 obesos (ainda bem que eram poucos!) para fazer durante 8 semanas o que se chama de "alternate day fasting", isto é, "dia alternado de jejum". Ou seja, num dia a pessoa come somente 25% das calorias diárias (até para as nutricionistas mais radicais e pró-dieta isso soa assustador!) e no outro pode se matar de comer... Ah, mas claro! Não bastava só isso! Através de orientação nutricional semanal, foi sugerido aos indivíduos que, nesse dia do "vale-tudo", consumissem ALIMENTOS SAUDÁVEIS!! Rá! Acho que o momento é propício para algumas considerações:
1. Apesar dos resultados favoráveis obtidos pelo estudo (perda de peso, diminuição de gordura corporal e afins), há de se considerar que a amostra - isto é, o número de indivíduos que participaram do estudo - foi muito pequena, o que inviabiliza generalizar os resultados... Portanto, não sigam esse exemplo!!!
2. Ok, durante 12 semanas eles perderam peso... E quem garante que eles mantiveram esse peso depois?! Será mesmo que eles vão continuar para o resto da vida fazendo jejum dia sim dia não?! "Poxa, o dia de jejum caiu bem no Natal... Ok, deixa para lá, vou pular o jejum de hoje e compenso com jejum duplo amanhã e depois!"
3. Não consigo entender qual a ética num estudo que incentiva a compulsão e a adoção de um estilo de vida completamente inadequado e danoso à saúde física e mental...
Desculpem o tom irônico do post, é que tem tanta coisa absurda nisso tudo que eu não consegui deixar passar... Aguardo os comentários de vocês!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Paciente morre três dias após realizar cirurgia bariátrica

Segundo site do "Los Angeles Times" (http://www.latimes.com/business/la-fi-hiltzik18-2010apr18,0,4485135.column), um paciente obeso de 35 anos faleceu três dias após a realização de uma cirurgia para colocação de banda gástrica, aquele anel que envolve a parte superior do estômago e cujo objetivo é reduzir o apetite. O que motivou a realização da cirurgia foi um outdoor muito comum no sul da Califórnia, segundo o jornal, de uma clínica particular de um grupo de cirurgiões denominados "Top Surgeons", ironicamente traduzido como "Cirurgiões Superiores". Entretanto, eis a causa da morte: peritonite (inflamação no peritônio, que é um tecido que reveste a parede abdominal) devido à cirurgia de obesidade. Era de se esperar que os tais cirurgiões fossem bons, afinal, com esse nome e uma clínica em Beverly Hills... Antes gordo e vivo, creio eu.
Amanhã tem mais! ;O)

domingo, 11 de abril de 2010

Minhas impressões sobre a peça "Gorda"

Ontem fui assistir à peça "Gorda", em cartaz no Procópio Ferreira, já havia comentado sobre ela aqui. Gostei bastante dos atores - especialmente do casal principal - e do enredo, que basicamente mostra o preconceito que Helena, a protagonista (Fabiana Karla, do "Zorra Total"), sofre por parte dos "amigos" de seu novo namorado (Tony, interpretado por Michel Berkovitch) por ser gorda. Para não cair na tentação de contar o final da história - o mocinho fica ou não com ela?! -, limito-me a dizer: como é difícil manter nossas convicções num mundo em que estamos tão deseperadamente ansiosos para sermos aceitos! Enfim, mas duas coisas em especial me chamaram a atenção na peça:
1. foi super interessante perceber algo que a ciência e a prática clínica já comprovam: as razões pelas quais os "amigos" de Tony (Caco e Joana) zombavam da protagonista tinham a ver com suas prórpias experiências negativas em relação à obesidade, não tinham nada a ver com o simples fato dela ser gorda! Ou seja, o problema estava neles, e não nela! Exemplificando: Caco criticou seu amigo por estar saindo com Helena por conta de sua própria mãe ter sido gorda a vida toda, e ele sentir vergonha dela; Joana usou dos mais variados insultos para se referir à protagonista porque Tony era seu ex-namorado e a havia trocado por outra mulher.
2. me incomodou um pouco ver a reação das pessoas diante das piadas e expressões horrendas usadas para se referir à protagonista ao longo da peça: gargalhadas escancaradas e nervosas. Claro, é mais fácil rir ao ver seus próprios preconceitos claramente retratados do que admitir a si mesmo que a conduta está claramente inadequada. Quantas vezes, para esconder o nervosismo, não rimos como se tudo estivesse bem? Duvido que se a peça retratasse o preconceito contra um negro, por exemplo - algo que já é assumidamente condenado pela sociedade -, a platéia riria tanto quanto riu ontem à noite; acho que, ao contrário, eles se sentiriam perplexos e sem graça.
Sugiro a todos que assistam ao espetáculo e depois me contem aqui suas próprias impressões!

terça-feira, 6 de abril de 2010

O "paradoxo francês"

Muitas pessoas se questionam a respeito do chamado "paradoxo francês", isto é, os baixos índices de doença cardiovascular na França apesar da culinária do país usar e abusar de manteiga, cremes e outras gorduras saturadas, ruins para a saúde se consumidas em excesso. Seguindo a tendência de atribuir poderes fantásticos a determinados alimentos, muitos estudiosos dizem que este paradoxo é resultado do consumo diário de vinho tinto pelos franceses, bebida que possui várias substâncias capazes de proteger a saúde do coração. Será que é só isso mesmo? Será que não existem outros fatores no ESTILO DE VIDA - sim, isso é tão importante e muita gente não dá valor! - da população francesa capazes de protegê-la dessas doenças? Quem pesquisa mais a fundo e quem já morou na França - é o caso de uma amiga nutricionista e gastrônoma - sabe que os franceses, ao contrário dos americanos (um dos países com maiores índices de doenças cardiovasculares do mundo), prezam três coisas: moderação, isto é, porções menores de comida em cada refeição; qualidade, isto é, uso de ingredientes frescos e naturais no preparo da comida; e ênfase na experiência alimentar, isto é, refeições mais demoradas e tranquilas, valorizando a culinária e o preparo da própria refeição. Como se não bastasse, os franceses em seu cotidiano realizam mais atividade física, caminham mais, andam de bicicleta para ir ao trabalho...
É, os americanos tem muito o que aprender com os franceses...!