Esses dias li no site da Douglas Mental Health University Institute, uma instituição canadense, a respeito de um estudo que será
publicado no International Journal of Eating Disorders com o título “DNA
methylation in individuals with Anorexia Nervosa and
in matched normal-eater controls: a genome-wide study” (veja a matéria aqui). Segundo este email, o estudo
revelou que, para mulheres, ter anorexia nervosa há muito tempo (ou seja, um
transtorno alimentar crônico) está associado a uma maior alteração nos padrões
de metilação de genes relacionados à ansiedade, imunidade e comportamento
social. O autor principal já publicou outros estudos sobre genética e
transtornos alimentares (veja um deles aqui).
Explicando melhor: quando o processo de metilação de genes é
alterado, altera-se também a expressão desses genes. A expressão dos genes
controla produção de substâncias, funções fisiológicas, respostas emocionais...
Ou seja, o que o estudo a ser publicado sugere é: quanto mais tempo as mulheres
mantiverem o diagnóstico de transtorno alimentar, maior a chance delas
apresentarem alterações em genes que controlam níveis de ansiedade e outras
funções fisiológicas.
Isso corrobora com um fato que cientificamente já sabemos:
quanto mais tempo a pessoa demora pra buscar tratamento especializado, mais
complicada é a remissão dos sintomas físicos e psicológicos.
Claro que teremos que ler o estudo na íntegra quando for
publicado, e devemos ter em mente que esta área de pesquisa (envolvendo
transtornos alimentares e genética) está em expansão. Mas com certeza os
achados apontam para a importância do tratamento precoce dos transtornos
alimentares. E nos faz pensar em hipóteses para estudos futuros: sabendo que a
maioria dos quadros de anorexia nervosa tem como fator predisponente a prática
de dietas, será que pessoas que fazem dieta cronicamente também não estariam
sujeitas a alterações na expressão de seus genes?
Boa semana a todos!