sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Aspectos éticos da prevenção de sobrepeso e obesidade



Um artigo muito interessante, publicado recentemente na revista científica "Obesity Reviews", teve como tema os aspectos éticos de intervenções que visam previnir sobrepeso e obesidade através de mudanças no estilo de vida. Os autores analisaram 60programas de prevenção propostos, implementados e/ou estudados após 1980, em várias partes do mundo.
Alguns aspectos problemáticos encontrados:

1. Efeitos incertos na saúde física: muitos programas que são sugeridos e implementados não têm evidência científica suficiente garantindo sua eficácia e um adequado custo benefício. O valor ético que estaria ameaçado, neste caso, é o do bem-estar. Os autores colocam que, muitas vezes, os riscos à saúde de alguns programas acabam sendo subestimados porque acredita-se que a obesidade traz mais riscos.

2. Consequências psicossociais negativas: o ênfase exagerado no peso corporal e nos riscos da obesidade podem gerar medo excessivo na população como um todo, além de estigmatização e discriminação dos indivíduos com sobrepeso e obesidade (como bem ilustra a charge inicial). Os valores éticos que estariam na berlinda são o do bem-estar, o do respeito pelas pessoas, o da privacidade e o da justiça.

3. Inequalidades: muitos programas direcionados à população em geral não conseguem atingir as camadas mais pobres e as minorias étnicas, contribuindo para o aumento das diferenças sociais.

Outros aspectos problemáticos incluem a disseminação de informação confusa/equivocada; a desconsideração do valor social e cultural da alimentação; o desrespeito à privacidade individual; a subestimação dos diversos fatores que podem ser responsabilizados pela gênese da obesidade (sim, a pessoa não é gorda porque ela quer, a responsabilidade não é só dela!).
De forma geral, o estudo sugere que o desrespeito a estes valores éticos pode afetar a efetividade dos programas de prevenção. Além disso, os autores defendem que as intervenções não devem conter medidas coercivas, que "forcem" as pessoas a mudarem seus comportamentos. Ao invés disso, uma opção favorável seria disponibilizar e facilitar escolhas saudáveis. Exemplo prático: ao invés de enfatizar que as pessoas precisam fazer mais exercício, o governo poderia disponibilizar ciclovias, melhorar a infra-estrutura e a segurança dos parques públicos...

Sugiro a leitura do artigo na íntegra, é realmente muito interessante, inclusive ele cita em detalhe os programas avaliados. Quem quiser mando por email!

3 comentários:

  1. muito perninente. me manda o artigo???? eliza_pratavieira@hotmail.com

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  2. Pode mandar o artigo para meu email por favor!
    vanda.andradeb@gmail.com

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  3. Boa tarde flor, pode me mandar o artigo?
    andrade.andryele@gmail.com
    Usei seu texto para um trabalho da faculdade, adorei! Parabéns!

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