sábado, 1 de fevereiro de 2014

A conduta e o processo terapêutico


Acabei de voltar do pronto socorro, pela segunda vez no dia, devido a uma reação alérgica por conta de um medicamento. Perrengues à parte, o dia de hoje me possibilitou a inspiração pra escrever esse post.

Continuo me impressionando com a falta de humanidade que ainda existe nos atendimentos de saúde, mesmo nos melhores estabelecimentos da cidade. Profissionais que não te cumprimentam adequadamente, nem mesmo um aperto de mão; que não se apresentam dizendo seu nome e que muitas vezes se assustam quando você pergunta; que não demonstram um olhar cuidadoso e empático... Parece uma linha de produção: sintoma  conduta  dispensa. Próximo!

Não estou aqui me referindo somente a médicos, vejam bem. Me coloco nesse balaio: médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas... Entendo que o sistema de saúde no Brasil ainda tem muitas falhas: profissionais que trabalham muito e ganham pouco, faculdades e universidades de cursos da área da saúde que deixam e desejar no ensino da ética/humanização... Mas o negócio é o seguinte: os pacientes não tem culpa disso.

Acredito que nós, como profissionais de saúde, precisamos nos convencer cada vez mais de que o processo terapêutico é tão importante quanto a conduta (como coloca o psiquiatra e psicanalista Irvin Yalom em seu livro “Desafios da terapia”, que eu fortemente recomendo). No caso da nutrição, por exemplo, precisamos nos esforçar para criar um bom vínculo com o paciente, vínculo este que depende de não-julgamento, empatia, acolhimento, escuta ativa e compaixão. Precisamos buscar um entendimento maior sobre por que e como as pessoas comem, e não só o que e quanto. Quais suas motivações para se alimentar – ou não se alimentar, em alguns casos! – e como os aspectos emocionais de sua vida interferem na sua alimentação.

Sob meu ponto de vista, muitas vezes é isso que os pacientes precisam que façamos por eles.

5 comentários:

  1. Excelente!! Super concordo!!! Adorei seu blog...

    ResponderExcluir
  2. "Linha de produção." Exatamente assim. Há profissionais que se assustam quando perguntamos o nome, o porquê de tal medicamento, quais os efeitos.. Como se não tivéssemos o direito de saber.

    adorei.

    Bjos!!

    ResponderExcluir