terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Comer ou não comer? Eis a questão...

"Overthinking” é um termo em inglês que poderia ser traduzido por “pensar demais”.  Ao mesmo tempo em que hoje vivemos em um contexto de automatismo alimentar, isto é, estamos cada vez mais comendo de forma acelerada, automática e desconectada com nossos sinais internos (de fome e saciedade, por exemplo), vivemos também num ambiente de moralização da comida, em que muitas das nossas decisões alimentares são pensadas e repensadas inúmeras vezes quando estamos diante da comida: comer ou não comer, o que escolher, o que é “saudável”, o que eu "posso", e por aí vai...

De repente, estamos imersos em um redemoinho mental de incertezas, informações contraditórias, autocrítica e julgamento. Queremos basear nossas escolhas e decisões alimentares no quanto somos “merecedores”: “como sou magro, posso comer isso”, ou então “porque sou gordo, não devo comer aquilo”.



A questão é que, quase sempre, quando nos engajamos no “overthinking alimentar”, perdemos a conexão com nosso corpo, com o aqui e agora. Viajamos em nosso próprio pensamento, criamos suposições e reforçamos crenças alimentares inadequadas ("se eu comer esse brigadeiro, certeza que vou engordar"). Nossa relação com a comida começa a ficar cada vez mais complicada e negativa. Pode surgir também uma sensação de angústia e ansiedade. E quando nos damos conta, já comemos o alimento que era alvo da nossa escrutinação. E nem sequer sentimos o gosto...

Proponho nesse primeiro post do ano que tentemos não pensar demais nas nossas decisões alimentares, que não nos deixemos levar pelo nosso redemoinho mental de críticas e julgamentos. Que possamos sentir mais e nos reconectar com os sinais internos do nosso corpo, para que dessa forma tenhamos uma melhor relação com a comida e não precisemos pensar no que e quanto comer de forma obsessiva. Quando nos livramos da culpa e do julgamento, e das crenças sobre “dever ou não comer”, abrimos espaço para tentar entender se estamos ou não com fome, ou se é apenas uma vontade; podemos investigar com curiosidade em que momento a vontade surgiu, e se ela precisa ou não ser satisfeita naquele momento. Podemos estar em paz com a comida.



Boa semana a todos!

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