segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Eu gosto do meu corpo... E agora?


Outro dia ouvi de uma paciente a seguinte frase: “sabe, Carol... Depois de todo esse tempo, eu percebi que até que eu gosto do meu corpo...”

Por trás do alívio e serenidade que esse tipo de percepção traz, muitas vezes fica aquela sensação de dúvida, aquela “pulga atrás da orelha”: e agora?!

Pois é. Por incrível que pareça, algumas pessoas se sentem desconfortáveis estando mais satisfeitas com seu corpo. Isso pode acontecer por alguns motivos:

1. Você estará fugindo da norma.
Todos sabemos que a mídia e a indústria da beleza gastam bilhões tentando nos convencer de que devemos (e, mais cruel de tudo, de que é sempre possível) ser diferentes, nos tornar uma versão “melhorada” daquilo que já somos. Se você admite para si e para os outros que não se incomoda com seu culote, que tipo de mensagem estará passando? Talvez você se sinta arrogante... Afinal, se todo mundo é insatisfeito, que “direito” tenho eu de estar contente com meu corpo?!

2. Você se dará conta de outras insatisfações em sua vida. Quando você tira o corpo da equação e passa a prestar mais atenção em outras áreas da sua vida, isso pode ser extremamente desafiador e doloroso. Talvez você tenha passado muito tempo acreditando que o problema da sua existência resumia-se ao fato de você ter um corpo x ou y. Daí você percebe que o buraco é mais embaixo...

3. Você pode se sentir “negligente”. Como hoje em dia os cuidados com a saúde se confundem muito com o culto ao corpo, se você aceitar que tudo bem ser do jeito que é, parece que está “desistindo” de si mesmo. Mas o fato é que você pode se engajar em cuidados com sua saúde e bem-estar independentemente do corpo que tem ou que venha a ter.

4. Falar mal do corpo é um assunto “quente”. Bombardear nosso corpo e o corpo alheio com as mais duras críticas se tornou um tópico bastante presente em nosso convívio social. Existem amizades baseadas quase que inteiramente nisso! Isso significa que talvez você fique de fora de algumas rodas de conversa, assim como quem não assiste ao Big Brother...

Mas pensando bem, será mesmo que você queria fazer parte desse grupo?

3 comentários:

  1. Adorei o texto! Me identifiquei porque também adoro meu cabelo, apesar de ele ser completamente "fora das normas" (cacheado/crespo).

    Minha relação com o corpo é (bem) mais problematica, e me identifico com o item 2.

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