Este mês finalizo um curso de três meses sobre meditação e
saúde. Aprendemos sobre os princípios e
o contexto da meditação budista e sua aplicação (de forma adaptada, claro) na
área da saúde, por meio do método da atenção plena (mindfulness, como já retratei aqui no blog em outros posts; basta buscar no canto direito da página!). Confesso que
foi um curso transformador tanto em nível pessoal quanto profissional, pois
consigo utilizar muitos dos ensinamentos e princípios com meus pacientes em
suas jornadas por uma alimentação mais atenta, consciente e saudável.
Um dos
aspectos mais enfatizados pela filosofia budista e, consequentemente, pelos
estudiosos da atenção plena, é o papel da gratidão e da compaixão (capacidade de ser mais compreensivo e gentil) para uma vida
mais feliz e saudável. Existe inclusive um centro de estudos na Universidade de
Berkeley, na Califórnia, que promove pesquisas nas área de
psicologia, neurociência e sociologia do bem-estar. Uma das matérias escritas por esse grupo reforça os benefícios à saúde em se manter um “diário de gratidão”, isto é, um registro
periódico (eles sugerem que seja semanal) de coisas pelas quais somos gratos em
nossas vidas. Pode ser desde algo simples - como ter acordado pela manhã -
como
algo mais surpreendente/inusitado - ter recebido um elogio de um superior rigoroso
no trabalho.
Os benefícios de tal registro, que incluem melhor qualidade de
sono, menos sintomas de doenças e maior sensação de felicidade são
compreensíveis: ao tomarmos consciência das coisas pelas quais podemos
agradecer, aumentamos nossa conexão com o mundo e com os outros e conseguimos
enxergar além de nós mesmos e dos sofrimentos cotidianos que por vezes
exacerbamos.
Alguns estudos já falam sobre a relação entre gratidão
corporal e uma melhor satisfação corporal. Uma pesquisa que usou meditações que treinavam gratidão e autocompaixão verificou redução na insatisfação corporal
das participantes, bem como uma menor importância da aparência no julgamento de
seu valor pessoal. Outro estudo demonstrou que trabalhar a gratidão reduziu os
escores de insatisfação corporal em estudantes após serem expostas a imagens
de modelos magras.
Quando as pessoas me questionam como de fato podemos melhorar
nossa relação com o corpo e nos sentirmos mais satisfeitos com o modo como ele
existe hoje (mesmo que no fundo ainda queiramos ser mais magros/fortes/etc), respondo que o primeiro passo é a intenção, ou seja, o desejo real de querermos
enxergar e vivenciar o corpo de um modo diferente. Então, se você está sofrendo com
sua imagem corporal, que tal se dedicar à criação
de um diário de gratidão corporal?
1. Separe um caderno bem bonito para essa
finalidade. Se tiver dons artísticos, crie uma capa diferente, faça uma
pintura ou uma colagem de fotos que te tragam recordações e sensações
positivas.
2. Comprometa-se a escrever com uma certa periodicidade, que pode ser por exemplo uma vez por semana.
3. Agradeça pelas funções muitas vezes sutis de seu corpo, ao invés de inicialmente focar em partes específicas. Ex: "sou grata pelo trabalho do meu estômago em digerir minha comida, pois sem ele eu não teria como absorver nutrientes e sobreviver".
2. Comprometa-se a escrever com uma certa periodicidade, que pode ser por exemplo uma vez por semana.
3. Agradeça pelas funções muitas vezes sutis de seu corpo, ao invés de inicialmente focar em partes específicas. Ex: "sou grata pelo trabalho do meu estômago em digerir minha comida, pois sem ele eu não teria como absorver nutrientes e sobreviver".
4. Tente se recordar de experiências positivas que
só foram possíveis graças ao corpo (“sou grata por meu corpo ter conseguido dançar a
festa inteira no final de semana”). Para isso, pode ser mais fácil fazer o caminho
inverso: tentar se lembrar de situações
limitantes que você vivenciou porque algo no corpo talvez não "funcionasse" bem.
5. Esforce-se para de fato sentir a sensação de
gratidão em seu corpo conforme escreve. Após escrever uma frase, feche os
olhos e perceba os sentimentos que vêm à tona.
Boa semana a todos!
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